O sentimento absolutamente tresloucado que se viveu nos dez minutos finais do prolongamento desta meia-final entre Vitórias torna este jogo épico. Torna este jogo digno de uma final. Torna estas duas equipas merecedoras de estarem presentes no Jamor. Só uma passou, mas será impossível dizer quem merecia mais.
O ambiente antes do jogo fazia prever que algo diferente se iria passar. Milhares de pessoas nas ruas com cachecóis brancos, ora com tons de verde ora em fundo preto. Não houve registo de incidentes. Foi tudo emoção, tudo sentimento, tudo futebol e tudo calor num dia de chuva e frio. Milhares contra milhares. Uma autêntica meia-final. Incrível.
Mesmo que o jogo lá dentro, no início, nem prometesse muito, a festa era garantida nas bancadas. Um topo cheio de adeptos do V. Guimarães, uma central repleta de sócios sadinos, insultos à mistura, mas muito amor ao clube. Muita paixão. Tanta que se arrisca a dizer que seria impossível outras duas equipas «pequenas» fazerem assim.
O Guimarães entrou melhor. Foi mais equipa durante grande parte do tempo. E começou a destacar Rubinho na baliza do Setúbal pela forma como criava oportunidades. No primeiro tempo, a equipa da casa teve em dois minutos duas flagrantes oportunidades, mas viu-se e desejou-se para acabar com a criatividade do meio-campo vimaranense que tinha em Paíto e Benachour os impulsionadores.
Vale a pena tentar descrever
Depois do descanso, emoção aqui e ali. O Vitória da casa continuava a tentar controlar o domínio do conquistador, e afastava o perigo da forma que podia. O prolongamento cedo se previu, tal era a resistência do forte sadino à avalanche vimaranense. A última investida quase derrubou a muralha de Setúbal. Auri colocou a cabeça onde poucos ousariam colocar para dizer a Benachour que haveria mais jogo¿e toda a emoção.
E se rapidamente avançarmos na cassete para a segunda parte do prolongamento chegamos onde este jogo se torna histórico. Nem nos penalties se sentiu a mesma loucura de quando Saganowsky voou para a vantagem do Guimarães, ou de quando Auri quase fez um buraco na malha da baliza de Nilson no empate. As palavras serão sempre demasiado leves para dizer como é ver uma bancada a preto e branco num salto conjunto, ou para descrever os níveis da intensidade de som que se registaram depois de Auri ter empatado a eliminatória no último minuto.
As grandes penalidades serão, por agora, a forma sempre injusta de dizer quem passa e quem fica. O Vitória da casa falhou duas, o Vitória de fora falhou igual¿e a última. Mas, no fundo, as duas equipas, os adeptos, e o futebol venceram. E não é esse o objectivo de tudo isto?