Uma tremenda festa na relva e menos disso fora dela. O Benfica-Rio Ave terminou como a lógica dizia, mas teve tanta incerteza que foi preciso o campeão nacional fazer uso dos seus mais vastos recursos para chegar às meias-finais da prova rainha.

Esse é, desde já, um elogio ao Rio Ave, pois deixou no ar a dúvida até ao apito final. Como? Com uma estratégia bem definida, a explorar a velocidade de Mehdi Taremi na profundidade, à qual a equipa de Carvalhal acrescentou posse de bola durante bons períodos.

Seferovic é que tem uma relação misteriosa com janeiro e o Rio Ave. E pela eficácia do suíço se definiu uma partida que não produziu uma surpresa de Taça, mas que foi tão boa que merecia mais público no estádio do que em casa.

O primeiro pontapé à baliza

Se o jogo antecedia um dérbi de Lisboa e isso estaria sempre nas considerações encarnadas, mais apreensão causou o golaço de Lucas Piazon. Um pontapé certeiro sem hipótese para Zlobin e que lançou os dados para este duelo.

Ao Benfica valia, naquela altura, o tempo. Com a compensação, certamente mais de 90 minutos para mudar o resultado. Os encarnados responderam, produziram várias ofensivas e o golo de Cervi surgiu uma dezena de minutos depois.

Ora, o 1-1 fez reset ao resultado, mas aquilo que se percebia já depois do 1-1, percebera-se antes dele também. A transição rápida do Rio Ave causava problemas imensos à equipa encarnada, ora com Nuno Santos ora com Taremi a saírem rápido. Foi assim, também, que chegou o 2-1.

O Benfica foi outra vez apanhado alto, Matheus Reis serviu o iraniano e depois…uma finalização sublime, de cabeça, a bater Zlobin. O 2-1 aumentou a preocupação na Luz. Não só porque o tempo era mais curto, mas porque todos perceberam que Carvalhal montou uma estratégia que podia, de facto, atingir os encarnados a qualquer momento.

Antes do descanso, Paulo Vítor brilhou na baliza verde e branca, Soares Dias desfez um equívoco que teve e, assim, havia 45 minutos para o Benfica empatar. Ganhar, podia demorar um pouco mais.

A entrada no segundo tempo foi agressiva, como o jogo de Cervi, por exemplo, até que aos 60 minutos, Bruno Lage mudou o destino da eliminatória. Tirou Ferro [exibição aquém, e terminada por um problema físico], colocou Seferovic em campo e passou Weigl para central. Taarabt, entretanto, fazia tudo o resto no meio-campo do Benfica, ao ligar setores, descobrir colegas, enfim, a levar a equipa para a frente.

Quando o marroquino solicitou Rúben Dias dois passos à frente da posição do central foi precisamente para o defesa poder definir um ataque. Bola na área, combinação de pontas de lança e empate.

Seferovic fazia o 2-2 e logo depois marcava o terceiro do Benfica. Porque apesar do Rio Ave e do bom jogo, o Benfica ainda é o Benfica, tem melhores armas, mais poder de fogo. Atacou até virar e defendeu o que garantira ao minuto 71: as meias-finais da Taça de Portugal.