Antes do Benfica, antes do Jamor, as Antas. O Sp. Covilhã não chegou à final de 1957, que será reeditada este sábado na cidade beirã, com facilidade. Nas meias-finais, eliminou o difícil V. Setúbal e, nos quartos, o FC Porto, com dupla vitória…e alguma polémica, de acordo com Fernando Pires.

O episódio está descrito no livro «Sporting Clube da Covilhã na taça e Portugal», de João de Jesus Nunes, um ex-agente de seguros que se dedicou a escrever a história dos leões serranos
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No Porto, os beirões venceram por 2-1. Os golos foram apontados por aquele que é, ainda hoje, um dos melhores goleadores da prova numa só temporada: o espanhol Victoriano Suarez Montero, que fez 15 nessa época: Iaúca (Belenenses) iria apontar os mesmos em 61/62, Mascarenhas, do Sporting, fez 17 em 62/63 e Eusébio apontou 18 em 1968/69.

Na Serra, novo triunfo, com outro espanhol a faturar: Pedro Martín, de Madrid. Provavelmente, uma história que seria muito diferente agora, talvez inversa mesmo.

Especulações à parte, quem não teve vida fácil foi o autor do único golo do Sp. Covilhã no Jamor frente ao Benfica, por causa da marcação de um defesa portista e pelos recentes acontecimentos na vida privada.

Conta Fernando Pires, na obra: «Monteiro da Costa [do FC Porto] insultou-me durante o jogo, com impropérios, numa altura em que a minha mãe tinha falecido, num afogamento por acidente, num tanque, havia oito dias, quando se deslocara para vir ver a minha filha que tinha 15 dias. Nesse mesmo dia, tinha também morrido o meu avô paterno, já não podendo o meu pai assistir ao funeral do meu avô porque tinha vindo para a Covilhã ver a sua mulher, e minha mãe, que tinha falecido.»

O jornal da terra, o Notícias da Covilhã, dá conta do feito, depois do 1-0 da segunda volta na cidade serrana. E é a mesma publicação que informa sobre o triunfo sobre os sadinos.

«Pela primeira vez na história da Taça de Portugal o Sporting Clube da Covilhã inscreverá o seu nome como finalista. Honra grande, conseguida à custa de notáveis cometimentos que ficarão na História da prestimosa Colectividade serrana, a viver um momento alto da sua existência.»

Neste sábado, o Sp. Covilhã tem novo momento alto, com a visita do Benfica, campeão nacional em título e detentor do troféu em disputa. E como se vê, ainda que em idos longínquos e que a história seja lá atrás, os leões da serra têm no currículo feitos de tomba-gigantes.