FIGURA: Óliver Torres
Minuto 61. Óliver vê o que mais ninguém vê: a desmarcação de Corona. O radar aciona os sensores do espanhol e a execução depois é perfeita. Bola adocicada, a pedir uma receção ao mexicano. O futebol de Óliver é isto, é de profundo amor com a bola, com o jogo. Óliver, aliás, é a prova viva de que arte e trabalhos domésticos não são incompatíveis. Tanto lê Maquiavel ou Freud como folheia a revista lá de casa. Dribla e corre, passa e corre, imagina e corre. Uma formiga genial. O terceiro golo é muito dele: puxado por Paulinho, aguentou e conservou a posse de bola, conduziu um pouco e passou para a esquerda. Brahimi fez o resto. 

MOMENTO: a parede de Fabiano, minuto 53
Até Iker Casillas aplaudiu. Dyego Sousa recebeu de Wilson Eduardo e teve tudo para empatar o jogo. Fabiano não deixou. No frente a frente com o avançado, o guarda-redes voou e fez uma defesa extraordinária. Fabiano continua a ter limitações gritantes – falhou a saída a um cruzamento logo no início e arriscou um alívio com o pé direito para uma zona perigosa -, mas com esta defesa ganhou a noite. Decisivo.

OUTROS DESTAQUES:

Brahimi

O argelino está de volta. O jogo acabou com o seu golo portentoso: remate em arco, ao poste mais distante de Marafona. Uma obra prima, senhores!

Wilson Manafá
Confiante, objetivo, criterioso. Exceção feita a uma perda de bola numa arrancada individual, a exibição de Manafá merece os melhores adjetivos. Ao quarto jogo de dragão ao peito, os movimentos do ex-Portimonense sugerem uma confiança inesperada para uma relação ainda tão curta. Adora subir pelo flanco e tem opções menos previsíveis do que Alex Telles. Nesta altura, Manafá é a melhor opção para o lado direito da defesa do FC Porto. Pelo menos em jogos a exigirem grande volume ofensivo.

Alex Telles
Participativo nas manobras atacantes, como o colega lateral, mas quase sempre em exercícios mais primários: bola no pé esquerdo, cruzamento em arco à procura de uma definição na área do Sp. Braga. Intenso, muito dinâmico, mas novamente com problemas a bloquear o adversário direto. Wilson Eduardo teve vezes a mais tempo e espaço para preparar o cruzamento ou o remate.

Wilson Eduardo
E aqui chegamos ao extremo do Sp. Braga. É verdade que teve uma finalização péssima aos 21 minutos – sozinho, e em posição de tiro, atirou para a linha lateral -, mas não é menos verdade que do seu pé direito saíram quase sempre os principais momentos ofensivos do Sp. Braga. Foi dele, por exemplo, o cruzamento para o remate de Dyego Sousa na cara de Fabiano (ver MOMENTO). Fugiu de Telles, procurou conforto para executar e apareceu bastante no jogo. Faltou-lhe mais inspiração.

Adrián López
Pela primeira vez em mais de quatro anos de ligação ao clube, Adrián fez três jogos consecutivos como titular do FC Porto. Atravessa um período de confiança e até teve dois momentos claros para festejar mais um golo: bateu contra a barreira um livre em cima da área e preferiu assistir Soares quando tinha espaço para rematar.

Claudemir
O mais equilibrado dos arsenalistas. Encontra as melhores linhas de passe e corre quilómetros sem bola. Muito experiente, gere com inteligência todos os momentos. Teve a infelicidade de fazer um desvio de cabeça antes do golo de Soares. A bola foi ter com a coxa do avançado e acabou por dar o 2-0.