FC Porto e Sp. Braga voltam a encontrar-se para a Taça de Portugal pela primeira vez desde o Jamor. Vai fazer três anos que os arsenalistas levaram a Taça e prolongaram um período de seca do dragão que ainda dura, quase oito anos sem vencer a competição. Desde aí a história é outra. Nesta terça-feira eles começam a decidir quem estará no Jamor e chegam aqui em momentos bem diferentes.

Daquele 22 de maio de 2016 para cá mudou muita coisa. Das equipas que decidiram essa Taça de Portugal nos penáltis restam em Braga apenas três jogadores, e dois deles, Ricardo Ferreira e Marcelo Goiano, não serão opção. Sobra Marafona, que foi herói no Jamor, ao defender no desempate os penáltis de Maxi Pereira e Herrera, e voltará à baliza nesta terça-feira no Dragão. Há ainda Wilson Eduardo, que não foi opção para Paulo Fonseca no Jamor.

O FC Porto tem mais «sobreviventes» daquela final, oito no plantel e sete deles estiveram na ficha de jogo. Maxi, Danilo, Herrera e Brahimi foram titulares, Aboubakar entrou perto do fim Casillas e Corona ficaram no banco. Marega, que tal como Danilo está agora em dúvida para o jogo da primeira mão da meia-final, viajou mas não entrou nas contas de José Peseiro. Adrián Lopez já era do FC Porto, mas estava emprestado ao Villarreal. Tal como Fabiano, que tem sido o guarda-redes portista na Taça de Portugal esta época. Já não tem André Silva, que marcou ambos os golos, o último dos quais em cima do apito a forçar o prolongamento. Rui Fonte e Josué, os autores dos golos bracarenses, também já não moram em Braga. 

O FC Porto tem agora Sérgio Conceição no banco, ele que na época anterior tinha perdido a final da Taça de Portugal pelo Sp. Braga, frente ao Sporting, e que chegou ao Dragão na época passada para conquistar o título de campeão nacional em ano de estreia. O Sp. Braga tem Abel Ferreira, o treinador que deu novo fôlego à ambição assumida pelo clube de se intrometer entre os «grandes», mas chega aqui pressionado pelos últimos resultados negativos. E que nunca conseguiu vencer Conceição. Abel perdeu todos os confrontos frente ao FC Porto, os dois do campeonato da época passada e o da primeira volta desta temporada.

Depois da final de 2016, de resto, o Sp. Braga não voltou a vencer o FC Porto. Em cinco duelos para a Liga perdeu quatro e empatou um.

Voltando à Taça de Portugal, o empate que valeu o troféu em 2016, o segundo da história do Sp. Braga, foi o ponto alto de um histórico recente que reduziu o desequilíbrio nos duelos entre os dois para a competição. Mas nas contas gerais o domínio é claramente do FC Porto, que em 17 confrontos venceu 12.

Há três vitórias do Sp. Braga e duas delas foram neste século, nas únicas vezes em que seguiu em frente depois de defrontar o FC Porto na prova: em 2001/02, vitória por 2-1 ainda nas Antas para os quartos de final, e em 2012/13, também por 2-1 e para os oitavos de final.  Houve apenas dois duelos a duas mãos e ambos foram ganhos pelo FC Porto: em 1951/52 e em 1957/58, ambos para os oitavos de final.

O Sp. Braga e o seu treinador chegam aqui sob pressão adicional. Duas derrotas seguidas, com Sporting e Belenenses, deixaram a liderança a oito pontos e permitiram uma aproximação do Sporting, quarto classificado, que está a três pontos de distância, depois de não ter conseguido vencer nesta segunda-feira na visita ao Marítimo. A Taça é um objetivo assumido, como lembrou o presidente do clube, que veio a público dizer igualmente que ficar abaixo do terceiro lugar seria uma desilusão.

Para o FC Porto, que segue na frente da Liga, com um ponto de vantagem sobre o Benfica e tem Clássico marcado para sábado, a Taça é também um objetivo assumido. Até porque é um troféu que foge há muito ao FC Porto, que tem 16 Taças no palmarés. O último triunfo portista data de 2010/11, são já sete épocas inteiras sem voltar a ganhar a prova-raínha. Desde que venceu pela primeira vez a Taça de Portugal, em 1955/56, o FC Porto só teve dois períodos de maior intervalo entre vitórias. 

(Artigo originalmente publicado às 23:56 de 25-02-2019)