Os oitavos de final da Taça de Portugal evitaram até agora surpresas de maior, sem nenhuma equipa a conseguir eliminar outra de escalão superior. A tendência das primeiras rondas de razia entre formações da Liga atenuou-se. Mas, numa altura em que faltam dois jogos para terminar a jornada, ainda se desenham uns quartos de final mais «democráticos» do que tem sido regra. Falta jogar-se o Famalicão-Mafra, que fecha a ronda, depois do FC Porto-Santa Clara, um dos dois encontros destes oitavos entre equipas da Liga – o outro foi o Benfica-Sp. Braga, que terminou com vitória das águias, - e onde os «dragões» vão tentar manter-se na corrida por um título que lhes escapa há muito.

Havia à partida cinco equipas do Campeonato de Portugal em prova, mas apenas o Canelas conseguiu apurar-se para os quartos, estreando-se nesta fase ao eliminar o Sertanense, do mesmo escalão. Marinhense, afastado pelo Rio Ave, e Anadia, que caiu frente ao Varzim, ficaram fora de prova na terça-feira, nesta quarta-feira despediu-se o Sp. Espinho, afastado pelo Paços Ferreira. Ainda estão de resto em prova duas equipas da II Liga, o Varzim e o Ac. Viseu, este a conseguir um apuramento histórico, chegando aos quartos de final pela primeira vez em 41 anos.

Todos os jogos e crónicas dos oitavos de final da Taça

Restam para já três equipas da Liga, que serão seguramente quatro e podem vir a ser cinco, se o Famalicão se apurar. Cinco tem sido o número mínimo de equipas do primeiro escalão nos quartos de final, tendo acontecido por três vezes na última década. A última vez que estiveram apenas quatro equipas de Liga nos «quartos» foi em 1993/94, já lá vão 25 anos, numa edição que teve o Lusitânia Lourosa, da então II Divisão B, a chegar às meias-finais, mas acabou a decidir-se entre Sporting e FC Porto, com os «dragões» a levarem a melhor na finalíssima.  

Leixões, exceção entre as exceções

Apesar da tendência para a subrepresentação da Liga nesta fase, ainda é cedo para projetar grandes proezas. A Taça tem reservado algum espaço a surpresas e belas histórias, mas elas são exceção. Só por uma vez uma equipa do terceiro escalão chegou à final: foi o Leixões, em 2001/02, quando estava na II Divisão B. Foi uma caminhada épica até à final perdida para o Sporting, que valeu ainda o apuramento para a Taça UEFA na época seguinte. E só houve mais cinco equipas do segundo escalão a conseguir lugar na final. O V. Setúbal fê-lo por duas vezes, em 1942/43 e 1961/62, o Estoril conseguiu-o em 1943/44, o Farense em 1989/90 e por último o Desp. Chaves em 2009/10. Nenhum deles conseguiu vencer.

Claro que há sempre espaço para a ilusão e um exemplo recente a dar força às expectativas dos mais pequenos: em 2017/18, o Caldas representou o Campeonato de Portugal num bonito percurso até à meia-final, perdida para o futuro vencedor, o Desp. Aves. Foi a primeira vez que uma equipa do terceiro escalão chegou tão longe desde aquele Leixões de 2002. Nessa época os quartos de final tiveram aliás dois representantes do terceiro escalão, precisamente em confronto direto: o Caldas eliminou o Farense.

FC Porto contra um longo jejum

Quanto aos tradicionais candidatos, depois da queda do Sporting, detentor do troféu, logo na terceira eliminatória, frente ao Alverca, o Benfica assegurou a continuidade com o triunfo frente ao Sp. Braga no jogo grande da ronda e o FC Porto vai procurar fazer o mesmo perante o Santa Clara.

Ponto de honra para Sérgio Conceição, que nunca conseguiu vencer a Taça como treinador, mas também para o clube. A última vitória do FC Porto foi em 2010/11, já lá vão oito anos. Só por uma vez os «dragões» tiveram um jejum mais prolongado de triunfos na Taça desde a primeira vez que a venceram, nos dez anos que passaram entre as conquistas de 1958 e 1968.