No cair do pano da época, o Sp. Braga deu um sopro fortíssimo no balão de confiança que se esvaziou na reta final do campeonato.

A equipa de Carlos Carvalhal, que apenas vencera um dos seis anteriores jogos oficiais, levantou a «Rainha» pela terceira vez no palmarés e pela segunda nos últimos cinco anos depois de ter jogado mais de 70 minutos em superioridade numérica.

Enquadramento indispensável: Jorge Jesus, que na véspera havia lançado no ar a possibilidade de perder Vertonghen por lesão e de não ter recursos para pôr em prática o sistema que lançou as águias para a retoma de resultados no último terço da época, acabou por colocar em campo uma linha defensiva de três com Otamendi, Vertonghen e Morato.

Aos 17 minutos, a defesa do Benfica mostrou pela segunda vez no jogo problemas em controlar o espaço nas costas e Abel Ruiz caiu após contacto de Helton Leite quando só tinha o guarda-redes brasileiro pela frente.

Para a entrada inevitável de Vlachodimos, o técnico das águias sacrificou Pizzi e, mais do que antes o Benfica estava condenado a fazer um jogo imaculado em termos defensivos ou a depender da sorte para acalentar a esperança de vencer a 27.ª Taça de Portugal em 81 edições.

A partir do vermelho, o ascendente dos arsenalistas (de vermelho) foi evidente.

A velocidade de Galeno sobre a esquerda, as variações de flanco repentinas, a profundidade de Abel Ruiz. O Benfica a desposicionar-se e a lentidão da defesa encarnada e a falta de automatismos entre aquele trio.

O golo do Sp. Braga a fechar a primeira parte não foi propriamente uma surpresa, mas fez desabar por completo aquela réstia de confiança que o Benfica podia ainda ter bem lá no fundo da alma. Vlachodimos precipitou-se numa saída da baliza, Vertonghen cortou para a zona de Piazón e o brasileiro aplicou um chapéu ao grego. Pior: o Benfica vinha de duas ameaças à baliza de Matheus que pareciam dar-lhe alguns sinais de vida.

Superior na primeira parte, a equipa de Carvalhal regressou dos balneários avassaladora. Em dez minutos desperdiçou um número suficiente para chegar à goleada. Castro, Piazón, Abel Ruiz.

O Benfica agarrava-se à vida, mas dependia cada vez mais da sorte e da inspiração de Vlachodimos, que foi acumulando defesas numa espécie de redenção do erro no 1-0.

Darwin, Rafa e Nuno Tavares por Seferovic, Everton e Diogo Gonçalves. Os três, de uma assentada, foram a jogo ainda antes da hora de jogo, mas o sentido do jogo continuou a ser a baliza encarnada pelo menos por mais um par de minutos.

Galeno e Horta estiveram perto do 2-0 antes de o Benfica atingir uma falsa sensação de equilíbrio com duas oportunidades de Darwin e de Rafa, a primeira na sequência de uma bola parada. Os dois melhoraram o jogo ofensivo das águias e fica apenas a questão: não teriam feito sentido mais cedo?

O melhor momento do Sp. Braga já tinha sido ultrapassado, mas, mesmo sem a agressividade dos 15 minutos iniciais da etapa complementar, os minhotos continuaram a esticar o jogo. Para os lados e para a frente. E a manta do conjunto de Jesus rasgou depois de tanto esticar quando Ricardo Horta aplicou o golpe final aos 85 minutos e deu mais justiça no marcador à superioridade dos GVerreiros num jogo que acabou com os ânimos exaltados e mais duas expulsões: Taarabt e Piazón.

O Sp. Braga coloca, como ambicionava, a cereja no topo do bolo na segunda final da época. O Benfica fecha a época de negro: a cor que usou nesta noite e a que melhor simboliza uma temporada para esquecer. Ou para refletir, depois de uma aposta completamente falhada.