* por Tomás Faustino
Luís Castro já tinha avisado que iam jogar os melhores e assim foi: os vimaranenses entraram com a melhor equipa e assumiram o controlo do jogo desde o início, beneficiando de um domínio consentindo pelos da casa, e, com naturalidade, bateram o União da Madeira por 2-0 e seguiram para os oitavos de final da Taça de Portugal.
O Vitória de Guimarães jogou com as linhas muito juntas, privilegiando a posse de bola, apesar das más condições do terreno: a equipa da cidade do berço mantinha um bom critério no tratamento do esférico. Jogou num 4x5x1 que se desdobrava num sistema de três centrais, quando Wakaso (o mais recuado e posicional do meio campo visitante) baixava para a linha defensiva para facilitar a saída a partir da primeira fase de construção.
O Vitória conseguia circular a bola pelo corredor central (Mattheus e André André muito em jogo) fruto da superioridade criada na zona pela presença muito frequente de Davidson e Tozé, que variavam de zonas exteriores para o meio. Alexandre Guedes dava apoio frontal e procurava arrastar a defensiva contrária, através da sua mobilidade. A ‘povoação’ do corredor central dava liberdade aos laterais (Sacko pela direita e Rafa Soares pela esquerda), que abriam e conferiam maior profundidade e largura ao jogo dos vimaranenses.
Os pupilos de Luis Castro conseguiam, assim, variar com alguma facilidade o centro de jogo, quer fosse pela exploração do maior número de linhas de passe, na zona central, quer fosse pela largura dada pelos laterais, sobretudo por Sacko no corredor direito.
Foi numa dessas várias incursões pelo lado direito que André André, com algum espaço, cruzou atrasado para o primeiro golo da partida, apontado por Davidson que, com uma finalização curta e precisa, mexeu o ‘placard’ com naturalidade e levou os forasteiros para o intervalo a vencer pela margem mínima.
Já a formação madeirense apresentou-se em 4x2x3x1, com Aladin e Yannick como duplos pivots com o objetivo principal fazer frente a essa grande presença do Vitória de Guimarães no corredor central. Luizinho, muito vertical no lado direito do ataque, ajudava nas tarefas defensivas, e no lado esquerdo prevaleciam os rasgos individuais, quer de Aldair (o elemento mais perigoso do União durante o jogo), quer de Rodrigo Henrique.
Ofensivamente, o União procurou a referência ofensiva, Ivanildo, através do jogo direto, fazendo com que este «empurrasse» a equipa para zonas mais distantes da sua baliza. As ‘segundas bolas’ ficavam maioritariamente em jogadores da equipa da casa, que conseguiram aproveitar para causar algum perigo junto da baliza de Miguel Silva: na retina ficou um remate de fora de área de Aldair, aos 37, para estirada fantástica do jovem guarda-redes.
Na etapa complementar o União da Madeira esboçou alguma reação, mas o Vitória conseguiu sempre controlá-la e nunca pareceu sentir-se incomodado com o futebol adversário. Aos 65, na sequência de um livre lateral, Alexandre Guedes, oportuno, reagiu mais rápido do que a defensiva madeirense e matou o jogo, assinando o segundo golo da partida. Daí para a frente, pouco ou nada mais houve a registar a nível de oportunidades para ambos os conjuntos.
Em suma, um jogo em que se notou a diferença de qualidade entre as equipas, com o Vitória de Guimarães a não precisar de imprimir um grande ritmo na partida para sair vencedor. Os vimaranenses tiveram sempre o encontro controlado, conseguiram fazer uma boa gestão dos diferentes momentos do jogo, quase sempre com a bola controlada. De salientar a boa atitude da equipa da casa, que nunca baixou os braços, mesmo depois de ter percebido que dificilmente iria passar esta eliminatória.
Assistência: 500 espectadores. Jogo da quarta eliminatória da Taça de Portugal
Árbitro: André Narciso
Golos: 1-0, Davidson, 43 minutos; 2-0, Alexandre Guedes, 65.
Disciplina: cartão amarelo para Aladin Djakovac (52) e Yannick Semedo (86).
