Eis as declarações de Augusto Inácio, treinador do Desportivo das Aves Aves, na sala de imprensa do Estádio de São Luís, em Faro, após a derrota por 5-2, frente ao Farense, que ditou a eliminação da Taça de Portugal. Enquanto Inácio falava na sala de imprensa, ouviam-se gritos de demissão e insultos, vindos do exterior, por parte de adeptos do Aves.

[Morte de Jordão]: Em primeiro lugar, perdi um amigo e uma grande figura do futebol português. Hoje foi o funeral e estava também com a cabeça lá. Desapareceu um grande jogador, o que me deixou muito triste.

[análise ao jogo]: O jogo também me deixou triste. Com seis dias de antecedência, viemos para o Algarve para que as coisas se tornassem mais positivas. A primeira parte foi muito fraca, com falta de concentração em muitos momentos, principalmente nas bolas paradas. O Farense mereceu ganhar o jogo e faço votos para que consiga o seu objetivo que é a subida de divisão. Na segunda parte, tivemos uma pequena reação boa, estávamos bem no jogo, mas depois cometemos os mesmos erros que temos cometido no campeonato. O Farense acabou por ganhar por uma diferença de três golos que foi justa porque foi melhor. Sinto uma frustração muito grande porque ninguém gosta de perder tantas vezes seguidas. Nunca vivi isto na minha carreira: há sempre uma primeira vez. Vamos tirar ilações deste jogo.

[sente que tem o lugar em risco?] Isso é algo entre mim e a direção. Vamos falar e não vou comentar publicamente enquanto não falar com as pessoas. A reação dos adeptos é normal: a equipa não ganha, não joga bem. É normal que o líder seja o alvo e eu sou o líder nos bons e mais momentos. Assumo este momento do Aves, mas, no futuro, o comportamento mental da minha equipa tem de mudar radicalmente. Não estamos muito longe dos pontos de salvação, mas este ano as coisas não estão a correr bem. Se não for a equipa técnica e os jogadores a dar a volta a isto, ninguém dará. Não há outra formula que não seja continuar a trabalhar. O Inácio nunca foi problema para ninguém e não é agora que será.

[como vê a contestação dos adeptos]: Isto acontece em todos os clubes. É o normal. O que tenho de dizer aos adeptos? Há uma coisa que vão ter de ter sempre que é o amor ao clube. Mas digo que eles não sofrem mais do que, porque eu sou profissional, dou 1000% pelo clube e também quero que as coisas corram bem. Não estão a correr? Compreendo perfeitamente a insatisfação.

[como se dá a volta à situação]: Nunca parando de trabalhar. Que os jogadores ganhem uma consciência e mentalidade diferente da que tem tido até agora. Não me estou a desculpar, até porque já disse que o culpado sou eu. Mas eles têm de rever a sua mentalidade, o foco e concentração para cada jogo e para cada treino. Senti a equipa desinibida na preparação. Quando chegámos ao jogo, parece que ficámos bloqueados.