O Maisfutebol publicará ao longo da semana uma história por dia sobre futebolistas do Coimbrões, o clube do Campeonato de Portugal adversário do FC Porto na Taça de Portugal.

O primeiro artigo de reportagem é sobre Victor Nikiema, um médio de 26 anos natural do Burquina Faso, mas já com uma longa ligação ao futebol português.

Depois de aparecer a um nível muito interessante no Campeonato do Mundo de sub-17 em 2009, com três jogos e um golo marcado à Nova Zelândia, Victor seguiu os passos do irmão Aziz e mudou-se para Portugal. O convite do Sp. Braga foi irrecusável.

Nikiema começou nos juniores dos Guerreiros do Minho, saltou para a equipa B e chegou a ser convocado algumas vezes para os jogos do plantel principal. Foi em Braga, precisamente, que Victor Nikiema conheceu Zé Luís e Sérgio Conceição.

O atual avançado do FC Porto foi seu colega na temporada 2012/13, dois anos antes de trabalhar às ordens de Conceição. O reencontro está marcado para sábado, 19 de outubro, no Estádio Jorge Sampaio, em Pedroso.

Será que Zé Luís e Sérgio Conceição ainda reconhecem Victor Nikiema? A conversa com o Maisfutebol começa por aí, no final de um treino no Parque Silva Matos, a casa velhinha do Sporting Clube de Coimbrões, uma instituição que celebra 100 anos no dia 25 de outubro de 2020. O «Orgulho de Gaia».

Maisfutebol – Como se passa do Mundial de sub-19 ao Coimbrões em dez anos? De certeza que tem muitas histórias para contar.

Victor Nikiema - As coisas não ficaram fáceis para mim depois das lesões que tive em 2015. Estava no último ano de contrato com o Sp. Braga e sofri uma rotura de ligamentos cruzados. De repente fiquei sem clube e lesionado.

MF – O Sp. Braga descobriu-o no Mundial de sub-17?

VN –
Sim, foi tudo muito rápido. Joguei o Mundial de sub-17, tive o convite do Sp. Braga e depois aceitei um convite para jogar na I Liga da Polónia [Piast Gliwice]. Quando pensava que podia ter uma oportunidade na equipa principal do Sp. Braga, sofri a tal lesão muito grave no joelho.

MF – Pensou abandonar o futebol?

VN –
Sim, pensei porque no jogo do meu regresso, já no Pedras Salgadas, tive uma recaída. Fiquei quase dois anos parado, era quase impossível voltar ao futebol. Mas voltei, estou bem e fazer o que mais gosto no Coimbrões.

MF – O FC Porto está quase a chegar. Como está o grupo e o Nikiema?

VN -
A malta está entusiasmada, o grupo é muito bom e quer sempre mais. Tenho jogado, já não tenho dores nos joelhos e nunca vou ao posto médico. É bom sinal, ah ah ah.

MF – No FC Porto há duas pessoas que o Victor conhece bem.

VN -
Joguei com o Zé Luís no Sp. Braga, dava-me muito bem com ele. Era um rapaz humilde, aceitava o que eu lhe dizia e deixava sempre tudo em campo. Sei que é um avançado perigoso, mas não é impossível ver a nossa defesa a pará-lo. Também sei quais são os pontos fracos dele, ah ah.

MF – Tem falado com o Zé Luís sobre o jogo?

VN -
Perdi o contacto com o Zé e não o vejo há muitos anos. Nem sei se ele me vai reconhecer, acho que sim. Mas acredito que está igual e que podemos dar um abraço. Tínhamos as nossas brincadeiras e ele entrava nelas.

MF – Chegou a estar integrado no plantel principal do Sp. Braga?

VN -
Sim, fui ao banco algumas vezes e treinei regularmente com eles. Estava ali perto de integrar o plantel, mas surgiu a possibilidade de ser emprestado para a Polónia e aceitei.

MF – E depois ainda foi treinado pelo Sérgio Conceição.

VN -
Sim, fui chamado muitas vezes pelo Sérgio aos treinos.

MF – E como era o Sérgio Conceição para o Nikiema nessa altura?

VN -
Vocês já sabem, era muito caladinho, ah ah ah.

MF – Vai dar-lhe um abraço no sábado?

VN -
Não estivemos muitas vezes juntos, porque eu tive a minha primeira lesão grave nessa época. Não sei se me reconhecerá. Quero acreditar que sim.

MF – O Coimbrões acredita num «milagre» contra o FC Porto?

VN -
Depois de estar quase fora do futebol, muito abatido, vou ter o privilégio de jogar contra o FC Porto. O objetivo é ganhar, mais nada. Vamos dar tudo, não facilitaremos. Em Inglaterra ainda há pouco vi uma equipa da III Divisão [Colchester] a ganhar a uma da Premier League [Tottenham]. Nós acreditamos que podemos ir longe na Taça de Portugal.