O Benfica está com um pé nas meias-finais da Taça da Liga com uma vitória escassa e uma exibição medíocre diante de um audacioso Oriental que deu tudo o que tinha para conseguir outro resultado. Uma boa exibição da equipa de Marvila diante de um Benfica despersonalizado, sem ideias e que obrigou Rui Vitória a ir ao banco buscar as peças mais rotinadas para chegar ao triunfo.

Confira a FICHA DO JOGO
 
Muitas novidades no onze do Benfica, com destaque para o regresso de Nélson Semedo à titularidade, depois da lesão que sofreu ao serviço da seleção no início de outubro, mas também de Djuricic que já não entrava de início há quase dois anos. Sílvio e Lindelof também regressaram à defesa que só manteve Lisandro em relação ao onze habitual. O reforço Grimaldo que, perante a ausência de Eliseu, era apontado ao onze, começou o jogo no banco e não saiu de lá. Do meio-campo para a frente, também só se manteve Carcela, com as habituais segundas escolhas a terem uma oportunidade para se mostrarem.
 
Muitas alterações, mas nada que justifique a entrada apática da equipa de Rui Vitória que, ao longo da primeira parte, passou mais tempo a tentar anular as iniciativas do adversário do que propriamente a construir jogo. Chegados a este ponto, mudamos o registo para o ponto de vista do Oriental, penúltimo classificado da II Liga, mas que entrou em campo de cabeça bem levantada, com um futebol personalizado, simples, a jogar ao primeiro toque e a conseguir profundidade.
 
A equipa comandada por João Barbosa entrou em campo sem autocarro, pelo contrário, com um futebol bem positivo, bem distribuída no relvado e com forte pressão sobre o detentor da bola e com vontade de jogar o mais próximo possível da baliza de Ederson, com dois laterais muito proativos, com destaque para as iniciativas de João Pedro na ala esquerda. O primeiro remate do jogo foi do Oriental, o primeiro canto também, tal como a primeira oportunidade, aliás, a mais flagrante de todo o primeiro tempo. Talisca perdeu uma bola em zona proibida, ainda no interior da área e permitiu que Fernando se destacasse diante de Ederson que, com uma boa mancha, conseguiu evitar o primeiro golo do jogo.
 
Rui Vitória levantou-se do banco. Tinha razões para estar preocupado. O Benfica não conseguia imprimir velocidade ao jogo, não conseguia chegar à linha de fundo, mal conseguia fazer três passes consecutivos. Mérito do Oriental que fechava bem todos os caminhos e não dava tempo para o Benfica pensar o jogo, com uma pressão intensa que se alargava a todo o terreno do jogo.
 

Além disso, a equipa da Luz inclinava em demasia o seu jogo para a direita onde Nélson Semedo, apesar de ter estado muito em jogo, estava visivelmente sem ritmo, nem velocidade, e um Gonçalo de Guedes em evidente quebra de forma. Nada funcionava bem no Benfica que até ao intervalo não conseguiu melhor do que uma cabeçada de Mitroglou para defesa fácil de Mota.

Rui Vitória não esperou mais tempo e, logo a abrir a segunda parte, trocou Gonçalo Guedes por Pizzi, mas a verdade é o Oriental manteve-se sempre equilibrado a defender e audaz no ataque e continuou a estar mais perto do golo, com destaque para duas oportunidades flagrantes de Fernando logo no início da segunda parte.
 
A primeira vez que o Benfica visou a baliza de Mota foi num lance de bola parada, com Samaris, na marcação de um livre, a atirar a rasar a barra. Rui Vitória procurou novo reajustamento, abdicando de Carcela para lançar Jiménez para junto de Mitroglou. O Benfica ganhava poder de fogo, agora com Djuricic e Pizzi sobre as alas, mas continuava com dificuldades em chegar à área. O Oriental, por seu lado, continuava afoito, a aproveitar muito bem os espaços concedidos pelo Benfica e a somar mais remates que o credenciado adversário.
 
Confira os destaques do jogo

A verdade é que, com quase dois terços do jogo cumpridos, Lindelof e Lisandro estavam mais em jogo do que Mitroglou e Jiménez. Talisca passou mais tempo a defender do que no apoio ao ataque. Jogava-se aos solavancos, de ressalto em ressalto, e, neste capítulo, o Oriental pareceu sempre bem mais à vontade do que o Benfica, conseguindo arredondar a bola e construir o jogo. A equipa de Rui Vitória estava, nesta altura, partida ao meio, com quatro jogadores bem abertos no ataque, mas sem ninguém no sector intermédio para fazer chegar lá a bola.
 
Rui Vitória abdicou então de Djuricic [pouco ou nada ofereceu ao jogo] para lançar mais um jogador rotinado, Renato Sanches de seu nome. Era a peça que faltava para estabelecer a ligação com o ataque, assumindo a coordenação do jogo na zona central e empurrando Talisca para a esquerda. Por coincidência ou não, o Benfica marcou no minuto seguinte. Cruzamento de Pizzi da direita, Mitroglou atrasa de cabeça e Talisca atira de primeira a contar.

Balde de água fria para o Oriental que via o empenho e esforço aplicado no jogo a esvair-se, mas sem nunca baixar os braços. Peter ainda obrigou Ederson a defesa apertada e o Oriental queixou-se de uma mão de Lisandro na área. O Benfica também podia ter voltado a marcar nos instantes finais, primeiro num remate de Talisca devolvido pela trave, logo a seguir numa cabeçada de Jiménez que obrigou Mota a voar, mas o resultado não voltou a sofrer alterações.
 
Um resultado que afasta desde já o Oriental da luta e que lança o Benfica para uma final com o Moreirense que, com três pontos, recebe o Nacional eta quarta-feira.