A eficácia contra o poder de acreditar.

Benfica e Portimonense empataram na Luz para a Taça da Liga, num jogo de altos e baixos onde o único beneficiado foi o futebol. Emoção até ao final no frente-a-frente entre uma equipa a atravessar uma «boa fase» e outra repleta de segundas linhas.

FILME DO JOGO

As ordens do Benfica eram para vencer e não repetir aquilo que se tinha passado diante do Sp. Braga e, como tal, Rui Vitória não facilitou e colocou muitas das principais figuras da equipa.

Do outro lado, Vítor Oliveira cumpriu o que tinha prometido e levou a cabo uma verdadeira revolução na equipa inicial, exceção feita a Pedro Sá e Paulinho, este último que haveria mesmo de sair lesionado antes do intervalo, para azar dos azares.

A primeira parte teve pouco que contar e muito por culpa de Jonas, que decidiu escrever uma história como tantas outras esta época, mas com direito a prólogo.

Aos 52 segundos, o avançado brasileiro abriu o marcador, após uma bela jogada de ataque, com Zivkovic a abrir um corredor para Grimaldo e este a encontrar o colega no coração da área. Golo fácil e primeiro contratempo para os algarvios, que certamente não esperariam ver-se em desvantagem tão cedo.

O golo de Jonas permitiu ao Benfica controlar o jogo a seu bel-prazer, apostando na posse de bola e nos passes. Processos simples, mas que foram criando dificuldades ao setor mais recuado dos visitantes.

À meia hora, o Portimonense reagiu e chegou com maior perigo à baliza de Svilar, uma das novidades lançadas por Rui Vitória. Por duas vezes, o jovem belga teve de se aplicar a fundo para negar o empate.

Foi, no entanto, contra a corrente do jogo que o Benfica aumentou a vantagem. Aos 33 minutos, Lisandro López foi lá acima cabecear para o segundo, na sequência de um canto cobrado por Pizzi.

O resultado ao intervalo justificava-se, pelo domínio que o Benfica teve nos primeiros 45 minutos,  mas ficou sempre a sensação de que o Portimonense poderia levar mais perigo, se tivesse mais assertividade nos seus ataques.

Deram-lhes a provar do mesmo veneno…e teve efeito

A segunda parte começou com os mesmos intervenientes em campo, porém, com diferentes atitudes.

Com segundas linhas mas de orgulho ferido, o Portimonense deu a provar ao Benfica o mesmo veneno e marcou logo na primeira jogada. De uma bola parada cobrada na perfeição por Bruno Tabata emergiu Pires, que, no meio dos centrais, cabeceou sozinho para o primeiro dos visitantes.

O tento do veterano avançado assustou as despidas bancadas da Luz, mas trouxe outro ânimo ao espetáculo, que até aí estava a ser um pouco sem sabor.

O Portimonense veio de cara lavada dos balneários e surpreendeu por completo a formação encarnada. Sentindo um perigo crescente, Rui Vitória refrescou o meio-campo e juntou mais as linhas, apostando nas bolas para o coração da área do Portimonense, capítulo onde Jonas teve mais uma vez um papel preponderante, a assistir os colegas vindos de trás.

O Benfica estabilizou um pouco e teve hipótese de fazer o terceiro, mas Diogo Gonçalves não conseguiu fazer o chapéu a Leo.

O Portimonense não perdeu o ímpeto e esteve perto do empate, numa primeira vez, quando Svilar comprometeu num lance aos 72m e deixou o golo à mão de semear.

Foi o presságio para o que viria a acontecer minutos mais tarde. Novamente na sequência de uma bola parada, Pires cabeceou para defesa apertada de Svilar, que aliviou para a frente, mas Jadson fez o golo do empate na recarga, quando estavam decorridos 85 minutos.

Balde de água fria que gelou por completo a Luz.

Das bancadas não vinham cânticos de Natal, mas assobios bem audíveis até fora do estádio, certamente.

Um empate que pode comprometer as contas do apuramento, em caso de triunfo do V. Setúbal sobre o Sp. Braga, e os encarnados vêem novamente a vida a andar para trás, desta feita noutra competição.

Um empate com sabor a derrota na Luz, mas uma lição de como o acreditar até parece dar força a quem, à partida, não a tinha.