Augusto Inácio, treinador do Moreirense, depois da vitória sobre o Benfica (3-1), no Estádio do Algarve, em jogo da meia-final da Taça da Liga:

- O problema não foi aquilo que disse ao intervalo, foi aquilo que disse no início do jogo. Já estava determinado que o Fernando Alexandre e o Dramé iam entrar ao intervalo, independentemente do resultado. Começámos o jogo com menos seis titulares, visando o jogo com o Feirense, e o que mais importava na primeira parte era que, a perder, fosse só por um golo para termos possibilidades de, na segunda parte, discutir o resultado. O Benfica marcou cedo, mas mantivemos a mesma estrutura, a mesma determinação, a mesma vontade e, na segunda parte, mais qualidade. O Dramé, na esquerda, é rápido, o Podence, na direita, é rápido, e o Boateng, no centro do ataque, também é rápido. Era uma questão de colocar a bola nas ‘costas’ dos centrais do Benfica, fazer as diagonais e não perder tempo a trocar bola para não deixar o Benfica organizar-se.

- Fomos felizes, marcámos dois golos e depois o jogo ficou ‘partido’ de tal maneira que o Benfica podia ter marcado e o Moreirense também. Foi um jogo emocionante e, independentemente do resultado final, estava no banco a dizer cá para mim: ‘Que orgulho nestes jogadores, na forma como se bateram, na forma como lutaram contra um Benfica forte coletivamente e individualmente.

- Os nossos jogadores foram extraordinários na abnegação, no querer, na determinação. E fez também que as pessoas que estiveram na bancada, que não eram muitas mas fizeram mais de 600 km para assistir ao jogo, também mereceram esta alegria e esta festa de ganhar um jogo histórico para o Moreirense, histórico por ter ganho ao Benfica pela primeira vez, histórico porque era a primeira vez que estava na meia-final da Taça da Liga e histórico por atingir a final. Tenho de pensar no jogo de domingo, porque muitos deles estão fatigados e houve problemas físicos. Foi daqueles jogos em que tiveram de ir à exaustão para ganhar, foram além dos limites. Foi uma vitória boa mas nunca desviando o foco do mais importante para nós, o campeonato. Não estamos bem classificados e queremos manter-nos na I Liga e esse foco tem de estar sempre presente, independentemente da final de domingo.

- Uau! O Moreirense ganhou o grupo onde estava o FC Porto, elimina o Benfica, que era o grande favorito para este jogo e para a final. O que é certo é que eliminámos o Benfica e o mundo desportivo está todo surpreendido. Estamos lá por mérito próprio, trabalhámos muito e merecemos cá estar. Uma final minhota no Algarve, camisolas vermelhas contra verde e brancas. Estamos a viver momentos mágicos e vamos assentar a poeira e verificar o que vai ser melhor. Quem chega à final é para ganhar, não para perder. A história só se vai lembrar dos vencedores, não de quem foi à final, por isso queremos entrar na história.»

[O Benfica queixa-se do segundo golo do Moreirense]

- Não queria falar muito de arbitragem mas também não posso deixar de dizer o quanto grave foi que dois jogadores do Benfica não tenham sido expulsos. O Pizzi e o Samaris têm de ser expulsos, não percebo, não entendo porque não foram expulsos. Fomos beneficiados no segundo golo? Talvez. Mas ninguém fala nas duas expulsões porquê? E depois a pressão do Benfica sobre o quarto árbitro... Não vale tudo para ganhar o jogo. Vale como nós ganhamos, com humildade, com simplicidade, com espírito. Foi uma grande vitória do Moreirense.