É que não há para mais ninguém!

Parece aqueles miúdos traquinas do pátio.

É meu. É meu. É meu!

Ruben diverte-se. Brinca sozinho, mas é feliz. E os outros que olhem, enquanto ele festeja.

Durante muito tempo, a Taça da Liga parecia o recreio do Benfica. Das nove primeiras edições, as águias venceram sete.

Mas hoje, talvez seja mais fácil explicar o fenómeno. Não era a competição do Benfica. Era a de Ruben Amorim: o médio que venceu seis dos troféus conquistados pelo Benfica.

É que depois de ele sair, só mais uma vez os encarnados venceram o troféu, dando depois espaço para Sporting e Moreirense conquistarem também a Taça da Liga.

E entretanto, surge Ruben Amorim. O treinador.

À primeira tentativa, Ruben leva o troféu para Braga.

À segunda, faz da Taça da Liga o seu primeiro título pelo Sporting.

E se dúvidas houvesse, neste sábado elas foram dissipadas. No confronto Amorim-Benfica, sorriu o treinador.

Contas feitas, e vão nove para o treinador.

Num jogo em que o Sporting foi sempre melhor – mais equipa, mais dominador e capaz de controlar todos os momentos da partida -, foi com naturalidade que os leões voltaram a conquistar a Taça da Liga.

E até foi o Benfica a chegar à vantagem. Completamente contra a corrente do jogo, no primeiro remate que a equipa de Veríssimo fez, marcou.

A jogada começou em Morato que avançou pelo corredor central, serviu Grimaldo à esquerda e o espanhol, inteligente, cruzou atrasado, para o local onde estava Everton. O brasileiro sambou diante de Neto e atirou para o fundo das redes.

E o golo fez bem a um Benfica que estava demasiado amorfo de desconfortável. Trouxe tranquilidade, um pouco mais de critério com bola e estabilidade emocional.

Só que a crise que este Benfica atravessa não se cura com um golo. Mesmo que contra o maior rival. Numa final.

A prova disso chegou logo no quarto minuto da segunda parte. Num golo com marca registada do Sporting de Amorim: uma bola parada.

Canto batido da esquerda por Sarabia e Gonçalo Inácio cabeceou para o empate.

E empurrou o Benfica para o abismo que se sentia a cada bola nas costas da defesa encarnada.

A profundidade. A busca constante da profundidade, outra marca Amorim, pois claro, guardava o momento da estocada final.

Porro, em dia de saudado regresso à competição, lançou Sarabia que, isolado na cara de Vlachodimos selou o triunfo leonino e inscreveu o nome do Sporting no troféu.

Mas há lá outro nome que tem de figurar. Ele até pode vir em letras pequenas, mas o homem que no final do jogo foi atirado ao ar pelos seus jogadores tem de merecer uma referência especial.

Porque desde que Ruben é treinador, não há Taça da Liga para mais ninguém.