Uma equipa que não vencia há quase dois meses, uma outra que não perdia em casa há dois anos. Ganhou a primeira, o Olhanense. Porque apressou-se na segunda parte, fez dois golos rápidos, falhou o terceiro e conseguiu segurar, numa ou noutra ocasião sem grande mérito, o ataque final do Lusitano de Vildemoínhos.

Os trambelos, como são conhecidos os habitantes desta parte de Viseu, acabaram com a língua de fora e deixam o relvado de cabeça erguida. Ganharam uma história para contar, depois da primeira visita de uma equipa da Liga ao recinto.

Luís Costa foi o primeiro a causar perigo. Camisola 8, pé esquerdo com habilidade. Mas foi esse mesmo pé esquerdo que o traiu logo aos três minutos. A bola ficou-lhe a jeito, mas era para o pé contrário. Trivela na bola e a ocasião a sair ao lado. Em 15 minutos, o Lusitano sonhou muito alto. A tentar jogar, com boa troca de bola na transição ofensiva. O Olhanense era uma imensidão de coisas mal feitas. Sem intensidade, sem qualidade na posse de bola.

Bigazzi era o único que tentava dar algum ânimo pela direita. O problema é que a bola lhe chegou muito poucas vezes. Aos 18 minutos, um cruzamento remate do 24 algarvio. Nuno Oliveira desvia para canto. Ato contínuo, Lucas a cabecear sozinho na área. Ao lado.

João Ribeiro jogou no meio, mas nunca foi organizador. Diego estava na esquerda e por aí se ficava a exibição do camisola 11. Lucas lutava no meio com Celestino. O Lusitano foi perdendo ritmo. Surgiu de novo num livre de Costa, o tal do pé esquerdo talentoso. Belec defendeu.

Estávamos nos 33 minutos. Até aos 45, nada se passou. O intervalo era necessário. Ao Olhanense para pensar no que tinha feito, ao Lusitano para recuperar pernas. Álvaro era a imagem da equipa. Esgotado ao fim de 45 minutos.

Abel Xavier não quis esperar mais. Lançou Dionisi, lançou Balogun . Segundo minuto após descando, golo de Bigazzi. O Olhanense descansava no resultado. E ainda pouco tinha feito para merecer a vantagem. O golo do 24 mudou o jogo. Os algarvios animaram e chegaram ao 2-0. Cinco minutos depois, o Olhanense tinha vantagem de dois golos, mas bem menos do que isso em termos produtivos. Em suma, aproveitou as duas ocasiões que teve no reatamento.

O Lusitano parecia que ia cair com estrondo. Depois de uma primeira parte em que correu muito, os jogadores pareciam cansados. Mas bastou um lance para se ir buscar forças onde parecia não haver. Afinal, estamos na terra de Carlos Lopes.

Costa abriu na esquerda, trabalho de Marcel, bola na área e Johnny a marcar de primeira. O Olhanense preocupou-se e preocupou-se ainda mais quando Bigazzi não resolveu no cara a cara com o Nuno Oliveira. O guarda-redes do Lusitano manteve a equipa na corrida.

Estranhamente, o Olhanense não aproveitou a subida no terreno dos viseenses. Equivocou-se de novo no passe, faltou-lhe qualidade para acabar com as dúvidas. Por isso, o Lusitano cresceu. Acreditou. Marcel atirou ao lado, João Paulo fez uma bicicleta que Belec defendeu. E a história dos trambelos na Taça ficou por aqui. O Olhanense continua. Mas continua também a apresentar muitos defeitos coletivos, e individuais. Uma equipa do terceiro escalão assim o mostrou.