Falar da final da Taça de Portugal e do Sporting remete quase sempre a memória leonina para um nome: Iordanov. O búlgaro abre o sorriso dos adeptos e traz a recordação de uma tarde de domingo que cobriu o Jamor de verde. Aconteceu há dezassete anos e o Sporting venceu o Marítimo por 2-0.
Com esse triunfo, numa equipa fabulosa que juntava Balakov e Figo, Amunike e Iordanov, Naybet e Marco Aurélio, Sá Pinto e Capucho, o Sporting colocou um ponto final num jejum de treze anos sem títulos. Oceano levantou a taça na tribuna e os sportiguistas encheram o país de festa e alegria.
Ora Iordanov é um nome incontornável, dizia-se: fez os dois golos leoninos, atirou uma bola à trave e esteve em quase tudo o que o Sporting fez nessa tarde. «Infelizmente era um jogo de futebol e não de andebol», sorri. «O Ewerthon realizou uma excelente exibição, se não tínhamos goleado.»
Ora no fim de noventa minutos em que o Marítimo, de Paulo Autuori, foi quase um espectador, fez-se a festa verde. «Se me lembro? Claro. O estádio estava cheio de sportinguistas. Não ganhávamos nada há treze anos e sabíamos que aquele era o nosso momento. Sabíamos que íamos ganhar.»
Iordanov: «O Sporting vai ganhar a Taça, mais nada»
Figo e Balakov fizeram o último jogo com a camisola leonina, Oceano levantou a Taça, Vujacic foi mordido por um cão da polícia e vingou-se roubando o chapéu ao agente da autoridade: no dia seguinte as fotografias do lateral sérvio tinham todas um chapéu da farda policial e um sorriso nos lábios.
O Sporting seguiu para a festa. Iordanov foi eleito o homem do jogo e... ficou na Jamor. «Foi um azar», atira no jeito brincalhão. «Fui escolhido para o controlo antidoping e não conseguia urinar. Fique três horas e meia no estádio. Já tinha ido embora toda a gente: só lá estava eu e os médicos.»
Os colegas da equipa seguiram para uma festa bem animada num restaurante lisboeta e depois foram encontrar-se com milhares de sportinguistas no Estádio de Alvalde. Iordanov perdeu metade da festa. «Quanto mais queria urinar, pior era. Fartei-me de beber água e não conseguia fazer nada.»
«Quando cheguei ao restaurante já tinha toda a gente jantado. Tive de ir falar com o empregado para me servir, a pedir-lhe desculpa mas que tinha ficado preso no controlo antidoping. Depois fomos todos para Alvalade e aí foi bom. Felizmente aquela foi uma festa que durou muito tempo.»
Cinco anos depois Iordanov também esteve no título de campeão: o primeiro título leonino em dezoito anos. Entre uma festa e outra diz haver uma grande diferença. «Na segunda já estive do início ao fim», sorri. «Foram duas festas muito grandes. Foi pena não haver mais do que essas.»
Voltando à conquista da Taça de Portugal de 1995, Iordanov diz que é impossível olhar para aquela equipa do Sporting sem um pouco de nostalgia. Eram os tempos das vacas gordas de Sousa Cintra: o presidente estava de saída, Santana Lopes já tinha sido eleito, mas deixava uma grande equipa.
Havia internacionais de várias seleções, jovens de grande valor, Figo, Balakov e Amunike. No banco estava Carlos Queiroz. «Aquela equipa podia ter ganho tudo. Não sei o que faltou. Era uma equipa fabulosa. Para mim a melhor que o Sporting teve.» Ficou uma Taça para a glória.
Veja como o Sporting celebrou a vitória:

Ficha de jogo:
Sporting: Costinha (Lemajic, 87m); Nelson, Naybet, Marco Aurélio e Vujacic; Figo, Oceano (Filipe, 75m), Carlos Xavier e Amunike; Balakov (Sá Pinto, 79m) e Iordanov.
Treinador: Carlos Queiroz.
Marítimo: Ewerthon; Heitor, Robson, Carlos Jorge e Gustavo; Humberto, Zeca (Vado, 72m) e Soeiro (José Pedro, 66m); Alex, Paulo Alves e Edmilson.
Treinador: Paulo Autuori.