O P. Ferreira segue em frente na Taça de Portugal, com um triunfo aparentemente fácil frente ao São João de Ver. Nada disso. Os malapeiros, termo que designa os visitantes e deriva do malápio (pêro doce), provocaram alguns embaraços aos castores, sem grande apetite para devorar o adversário da III Divisão. Valeu a inspiração de Pizzi e a cabeça de Cohene, frente a um adversário brioso e interessante (3-1).

Quem viajou de São João de Ver, ou mesmo do Porto como o Maisfutebol, encontrou um obstáculo considerável. As SCUT, agora com custos para o utilizador, ameaçam afastar localidades como P. Ferreira dos maiores centros. Uma viagem da Invicta custa 1,5 euros, para cada lado. Um impacto profundo na economia local.

A equipa de São João de Ver, concelho de Santa Maria da Feira, chegou à Mata Real com ambição e postura ousada. Projectado para lutar pela subida de escalão, o líder da Série C da III Divisão demonstrou um futebol atraente, de pé para pé, com talentos formados na região e potencial para crescer. Menção honrosa.

Bomba de Pizzi a frio

O P. Ferreira, com muito sangue luso no onze inicial, entrou sem grande determinação mas aproveitou o momento de inspiração de Pizzi. O talentoso extremo flectiu para o centro, passando pelo interessante Paulinho, antes de arrancar um belo remate com o pé esquerdo. Nélson, o elo mais fraco dos visitantes, não conseguiu evitar o golo.

Com cinco minutos de jogo, a balança pendia para o lado mais forte. A toada anunciava um desfecho natural e previsível, sem que o desenrolar do encontro encaixasse nos números constantes no marcador. O São João de Ver, orgulhosamente inclinado para a frente e impulsionado por três centenas de adeptos, impunha o seu jogo na Capital do Móvel.

Paulinho desbaratava o flanco esquerdo, com o auxílio de Rúben Gomes. O esforçado Ricardo irritava os centrais contrários e abria espaços para o melhor visitante: Américo, capitão do São João de Ver, espalhava perfume pelo relvado. Ao minuto 25, o médio furou pelo centro e abriu para Rúben Gomes. O extremo atirou com a canhota, à saída de Cássio, e repôs a justiça no marcador.

Cohene com a cabeça no sítio

Lógica invertida na Mata Real, com o São João de Ver a dominar territorialmente o P. Ferreira, perante a insatisfação dos seus adeptos locais. Os lances de bola parada causavam aflição entre os visitantes, face à falta de segurança de Nélson. O intervalo chegava com a noção de equilíbrio a perdurar.

Na etapa complementar, mais do mesmo, com Machadinho a reclamar uma grande penalidade, por suposta carga de Cohene. Lance duvidoso, mas Manuel Mota mandou seguir. Rui Vitória procurou combater a apatia do Paços e operou dupla substituição, ainda antes da última meia-hora.

Os lances de bola parada continuavam a ser a principal arma dos castores e Cohene viria a desatar o nó após livre lateralizado, antecipando-se de cabeça ao seu marcador e ao infeliz Nélson. Por essa altura, já o São João de Ver apresentava sinais de cansaço.

O P. Ferreira respirou fundo e passou a tomar conta do jogo. Justificação tardia do favoritismo expectável, com Cohene a bisar ao cair do pano, desta vez na sequência de um canto. Paulinho ainda falhou um castigo máximo, que assentaria bem aos visitantes.

FICHA DE JOGO:

Estádio da Mata Real, em Paços de Ferreira

Árbitro: Manuel Mota (AF Braga)



P. FERREIRA: Cássio; Pedro Queirós, Bura, Cohene e Maykon; Bruno Di Paula, André Leão e David Simão (Leonel Olímpio, 57m); Pizzi (Amond, 88m), Nélson Oliveira e Nuno Santos (Rondon, 57m).

SÃO JOÃO DE VER: Nélson; Rui Silva, Xavier, Cancela e Paulinho; Hugo e Fredy; Machadinho, Américo (Amílcar, 82m) e Rúben Gomes; Ricardo (Armando, 71m).

Acção disciplinar: cartão amarelo para Ricardo (22m), Nélson Oliveira (30m), Xavier (58m), Di Paula (69m), Maykon (78m), Fredy (84m), Cohene (90m)

Golos: Pizzi (7m), Rúben Gomes (25m), Cohene (64m e 83m)