Uma equipa equilibrada, três remates e dois livres foram o suficiente para o Estoril empurrar o inconsequente Boavista, órfão de Vasco Seabra, para fora da Taça de Portugal. Uma vitória justa do líder da II Liga que, com o apoio constante dos adeptos, desde o exterior do estádio, mostrou estar à altura do adversário do primeiro escalão, superiorizando-se em momentos-chave do jogo.

As duas equipas entraram em campo com a mesma determinação em manter a posse de bola e condicionar o jogo do adversário, com uma forte pressão sobre o detentor da bola, com blocos subidos. O Estoril procurava profundidade pela ala esquerda onde atuava o irrequieto André Vidigal, enquanto o Boavista respondia quase sempre pelo mesmo corredor, com Alberth Elis a tentar chegar à linha de fundo.

Dois blocos que chocaram no meio-campo e lutaram com intensidade pela conquista de terreno, centímetro a centímetro, mas sem nunca conseguir jogar na área adversária. André Vidigal assinou o primeiro remate do jogo, fora da área, mas à figura de Bracali. Angel Gomes respondeu nos mesmos moldes, com uma bomba que deixou, com certeza, Thiago Silva com as luvas a ferver. Mas estes dois pontapés foram exceções num jogo que se disputava cada vez mais longe das balizas.

Os duelos continuaram intensos, com Javi Garcia e Show de um lado e Crespo e Gamboa do outro no papel de destruidores, e só nos instantes finais da primeira parte é que se notou um ligeiro ascendente da equipa do Bessa que voltou a estar perto de marcar num livre de Hamache que Joãozinho cortou de cabeça. Ainda antes do apito para o intervalo, Yusupha caiu na área, empurrado por Hugo Gomes, mas o árbitro Iancu Vasilica, em cima do lance, mandou seguir.

O ascendente «axadrezado» manteve-se intato no arranque da segunda parte, com a equipa do Bessa a empurrar os canarinhos para o seu meio-campo. Uma pressão que se foi acentuando ao ponto do Boavista ter conquistado, apenas no início da segunda parte, o primeiro canto do jogo. No entanto, a equipa comandada interinamente por Jorge Couto e Daniel Rosendo não conseguia espaços para visar a baliza de Thiago Silva.

O Estoril parecia estar a encolher-se perante a pressão do adversário, mas na primeira oportunidade em que se libertou, conquistou também um canto, logo a seguir um livre e chegou ao golo. Livre tenso marcado por André Franco sobre a direita, Bracali defendeu com os punhos para a entrada da área onde surgiu Miguel Crespo a encher o pé para um bom golo. Um golo que premiava a consistência defensiva dos canarinhos, agora reforçada com uma extrema eficácia no ataque. Segundo remate do jogo e golo.

O Boavista procurou reagir de pronto, com um chuveirinho para a área do Estoril, mas os canarinhos, sempre com Bruno Pinheiro muito interventivo junto à lateral, fecharam-se de forma coesa, com uma barreira à entrada da área. Mais uma transição rápida, mais um livre para o Estoril, novamente marcado por André Crespo e novo golo, desta vez com o central Hugo Gomes a cabecear na área. Bracali ainda chegou à bola, mas não conseguiu evitar o segundo golo do Estoril que começava a ver os «oitavos» no horizonte.

O Boavista abdicou de Yusupha e Angel Gomes para apostar em Paulinho e Jorge Ramirez para o último assalto, num final de jogo elétrico, com parada e resposta, com o Estoril a procurar também matar a eliminatória com um terceiro golo. A equipa do Bessa ainda reduziu a diferença, a um minuto do final, com golo de Beguche e assistência de Javi Garcia, mas já não conseguiu chegar ao empate nos cinco minutos adicionais.

O Estoril segue, assim, em frente para os oitavos de final da Taça de Portugal, num jogo em que foi mais forte defensivamente e em que, sobretudo, soube aproveitar as poucas oportunidades que teve para ganhar vantagem no marcador.