Os inúmeros contos de fadas escritos na «Rainha» conferem aos mais pequenos a legitimidade de sonharem em ser tão grandes como os maiores durante pelo menos uma hora e meia.

Ciente disso, Carlos Carvalhal apelara na véspera a foco e concentração na visita ao Jamor, casa emprestada do Olímpico do Montijo e onde os arsenalistas haviam sido surpreendidos na semana anterior diante do Belenenses.

«Levar o jogo a sério.»

E foi isso mesmo que se viu do primeiro ao último minuto, mesmo durante aqueles 27 iniciais em que a equipa da Série G do Campeonato de Portugal conseguiu resistir estoicamente à pressão asfixiante dos minhotos.

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Quando Abel Ruiz inaugurou o marcador, o Sp. Braga, que estreou Rodrigo Gomes (17 anos) a titular, já tinha andado perto do golo numa mão-cheia de ocasiões, prova de uma postura proactiva de uma equipa que não ficou à espera que o desequilíbrio de forças fizesse, por si só, a diferença.

Mas o golo inaugural dos arsenalistas abanou a estrutura dos montijenses, que por momentos deixaram de chegar rápido às dobras e abandonaram o rigor posicional, por vezes disfarçado pelo inspiradíssimo Miguel Lázaro. Nem dois minutos depois, o segundo dos visitantes, num desvio de Paulinho após assistência de trivela de André Horta.

Na reta final da primeira parte, o Sp. Braga baixou o ritmo do jogo, mas continuou dono e senhor dele perante um Montijo que, ainda que tentasse esporadicamente o contra-ataque, foi «abafado» pela equipa de Carvalhal e só chegou pela primeira vez à baliza de Tiago Sá aos 41 minutos.

Na segunda parte, as entradas de Ricardo Horta e, sobretudo, de Iuri Medeiros e Galeno para os 20 minutos finais acentuaram as diferenças. De um lado, homens frescos; do outro, desgaste físico e mental, o que ajuda a explicar a escalada do marcador a partir do derradeiro quarto de hora.

Horta fez o 3-0 aos 73 minutos numa recarga a um cabeceamento de Tormena, João Novais viu coroada uma boa exibição com um golo de penálti pouco depois e assistiu Tormena para o quinto aos 86m.

Por essa altura, o Olímpico do Montijo lutava pelo golo de honra, mas via-se que a manta era curta e Galeno e Iuri Medeiros mostraram que as diferenças que separam o «grande» Sp. Braga do modesto Olímpico do Montijo são... olímpicas.

Nem houve margem para sonhar. É que a equipa de Carvalhal levou este jogo mesmo a sério.