Por: Pedro Sereno

Numa tarde de verão em Outubro, Moura foi palco de mais um jogo da prova rainha do futebol português, a Taça de Portugal. Por um triz não houve surpresa, quando nos penaltis Rafael Santos teve a soberana oportunidade de ter feito história, mas a pressão foi enorme.

Moura e Portimonense mostraram o que é esta competição. As equipas ditas pequenas agigantam-se e mostram que nos escalões inferiores também há futebol. O Portimonense estava avisado e teve de sofrer para conseguir eliminar a equipa alentejana.

Entrou melhor o Moura. Aguerrido, bem colocado taticamente, com uma defesa sempre atenta às movimentações de Nakajima, Wellington e Pires, que surpreendidos pelas dificuldades andaram escondidos durante os primeiros minutos. Aos poucos Rosell e Paulinho foram conseguindo ficar donos da bola e houve um melhor esclarecimento no jogo de ataque. O problema estava na finalização. Os avançados do Portimonense teimavam em não acertar na baliza de Igor Landim, e apenas por uma vez na primeira parte Pires esteve a centímetros da baliza, mas tinha pouco ângulo. O Moura sempre que podia lançava o contra ataque, mas o esclarecimento no último terço do campo não foi o melhor.

Ao intervalo Vítor Oliveira fez duas substituições. Tirou Ricardo Pessoa e Wellington para as entradas de Dener e Fabricio. O técnico do Portimonense queria maior consistência no meio campo e na frente um melhor acerto de cara ao remate. Foi conseguido em parte, pois as entradas surtiram o efeito desejado mas sem o acerto no remate. Durante os 90 minutos o Portimonense teve 20 remates contra 3 do Moura, mas a bola não entrou. A pressão foi-se acentuando, o Moura aos poucos ia recuando no terreno, mas continuava uma equipa organizada. Rui Maside mexeu na equipa e fez entrar frescura no lado direito, mas as dificuldades em segurar Paulinho e Pedro Sá sentiram-se, e aos poucos a equipa ficou reduzida do meio campo para a frente à potência de Drogba Camará e a espaços à velocidade de Walter Ferreira.

Chegou o prolongamento e foi mais do mesmo. Maior domínio do Portimonense, com muitos remates, mas por ineficácia ou por boas defesas de Igor Landim o golo não aparecia. Vítor Oliveira desesperava no banco dos algarvios. O Moura acreditava que poderia ter a oportunidade de se adiantar e mantinha-se fiel ao esquema tático. E teve. Num contra ataque aparece Walter Ferreira isolado, consegue passar pelo guarda redes algarvio mas, pressionado por um defesa, coloca a bola demasiado para a frente. Caiu ele e a possibilidade de o Moura chegar ao golo durante os 120 minutos. Com a desinspiração dos atacantes só se poderia chegar ao final sem golos e os penaltis ditariam quem passaria à quarta eliminatória.

Assim foi, onde o herói da tarde, o guarda redes do Moura Igor Landim, foi o herói sem conseguir a vitória. Pelo Portimonense marcaram Fabricio, Pires, Lucas, Dener, Pedro Sá, Hackman e Rosell. Falharam Paulinho e Rúben Fernandes. Para o Moura marcaram Mamadi Baldé, Lucas Santos, Bruno Jesus, Pedro Almeida, João Pinto e Bruno Gomes. Falharam Walter Ferreira, Rafael Santos e Igor Landim. A história fez-se desde a marca de grande penalidade e o Portimonense foi melhor.

Prémio para os alentejanos que venderam cara a derrota, com um público que fez deste jogo o que é o espírito da Taça. Parabéns!

Ficha de jogo

Estádio do Moura Atlético Clube, em Moura

Árbitro: João Capela (AF Lisboa)

Moura: Igor Landim, Bruno Jesus, Miguel Lopes (Bryan Botuly, 76m), Bruno Torres (Walter Ferreira, 69m), Walid Hanifi (Rafael Santos, 85m), Drogba Camará, Lucas Santos, Mamadi Baldé, Bruno Gomes, Pedro Almeida e João Pinto.

Suplentes não utilizados: Gilson, João Tavira, Ricardo Machado

Treinador: Rui Maside

Portimonense: Leonardo Navacchio, Lucas Possignolo, Ricardo Pessoa (Dener, 46), Paulinho, Pires, Hackman, Oriol Rosell, Pedro Sá, Nakajima (Fabricio, 66), Wellington (Manafá, 46) e Ruben Fernandes.

Suplentes não utilizados: Carlos, Felipe, Gustavo, Stanley.

Treinador: Vítor Oliveira

Disciplina: Cartão amarelo para Lucas Santos (52), Dener (59), Hackman (70), Pedro Almeida (93), Rafael Santos (98) e Rúben Fernandes (104).