Não foi combater figas com metralhadoras, mas quase. O Rio Ave encarou muito a sério a deslocação a São João da Madeira, não entrou em regime de poupança e confirmou com naturalidade o apuramento para a 4.ª eliminatória da Taça de Portugal, com um triunfo claro por 4-0.

Com uma equipa muito jovem, a Sanjoanense, 8.ª classificada da Série B do Campeonato de Portugal, revelou-se presa fácil para um Rio Ave de ritmo muito superior, mesmo que jogando em velocidade reduzida durante grande parte do jogo. Miguel Cardoso apostou no onze mais forte, com Karamanos a render o lesionado Guedes no ataque e Yuri Ribeiro, que tem alternado com Bruno Teles, a ser a aposta para a lateral esquerda da defesa.

Nem a baliza, posição em que tradicionalmente muda de dono nas provas paralelas, entrou em onda de mudança, o que atesta a seriedade vila-condense para o duelo. Claro, com tudo isto, dadas as evidentes diferenças de potencial, previa-se uma tarefa hercúlea para a histórica Sanjoanense. E assim foi.

O Rio Ave dominou de início a fim, controlou e levou o jogo para o ritmo que queria, acelerando poucas vezes, mantendo a bola e disferindo golpes viperinos em momentos chave. Marcou relativamente cedo, antes dos vinte minutos; pôs cobro a uma eventual tentativa de reação na segunda metade e construiu a goleada na reta final.

Karamanos foi o autor do golo inaugural, numa finalização simples, a passe de Rúben Ribeiro, o principal agitador na equipa do Rio Ave, até sair. O grego foi frio na frente de Ivo e deu conforto ao Rio Ave.

Compacta mas tenrinha no ataque, a Sanjoanense passou todo o primeiro tempo sem criar perigo. Mais, sem rematar. Pode considerar-se um lance de Esteves, junto à linha de fundo e em cima do intervalo, embora a tentativa tenha ficado a meias entre um remate e um cruzamento. De qualquer forma, morreu nas mãos de Cássio.

O Rio Ave, é certo, também não estava em jogo de enorme produção ofensiva. Os termómetros acima dos 30 graus desaconselhavam grandes correrias e a convicção de que o rival estava controlado ditou a tendência do jogo.

A somar a isto, Francisco Geraldes, logo no início da segunda parte, fez o 2-0, com um remate colocado à meia volta, e tirou eventuais dúvidas sobre o vencedor.

É verdade que, no segundo tempo, a Sanjoanense foi mais ofensiva do que na primeira metade, mas o desacerto na frente não ajudava a que a fé dos adeptos da casa numa reviravolta épica aumentasse. O Rio Ave controlava, acreditava nas suas forças e nas fraquezas alheias, e fazia correr o relógio até ao apito final.

A Sanjoanense ainda ameaçou, num livre de Prazeres e numa perdida incrível de Teles, com Andrade solto do outro lado, mas foi o Rio Ave a fechar o jogo, por Nuno Santos, primeira opção de Miguel Cardoso na hora de mexer. Um golo fácil, com mérito tremendo para Barreto, autor da jogada. E a goleada veio por outro suplente: Yazalde recebeu e finalizou com tranquilidade, na área, já nos descontos.

Foi o ponto final de um jogo de pouca história e vencedor anunciado e confirmado por tudo o que se viu no relvado. As gentes de São João da Madeira mereciam festejar um golo para a despedida da Taça, mas o resultado ajusta-se perfeitamente ao desenrolar do encontro.

Recorde o encontro AO MINUTO

FICHA DE JOGO:

Estádio Conde Dias Garcia, em S. João da Madeira

Árbitro: Vasco Santos

SANJOANENSE: Ivo, Marcus, Igor, Almeida e Pedro Tavares; Castro (Teles, 67), Esteves (Prazeres, 58) e Miccoli; Murilo, Edema (Andrade, 46) e Edi.

Não utilizados: Cristiano, Ken, Júlio e Leo

Treinador: Fernando Pereira

RIO AVE: Cássio, Lionn, Marcelo, Marcão (Nelson Monte, 73) e Yuri Ribeiro; Pelé e Tarantini; Barreto, Francisco Geraldes e Ruben Ribeiro (Nuno Santos, 62); Karamanos (Yazalde, 67).

Suplentes: Rui Vieira, Bruno Teles, João Novais, Leandrinho.

Treinador: Miguel Cardoso

Golos: Karamanos (17), Francisco Geraldes (48), Nuno Santos (81), Yazalde (90)

Disciplina: amarelo para Marcão (27), Marcelo (42), Igor (89)

Ao intervalo: 0-1