Começou bem mas acabou mal, foi assim a tarde do Caldas no Campo da Mata. Da colina no alto da cidade não se avista nada senão árvores. Valeu o jogo no relvado que, embora não tenha sido de qualidade, sempre deu para desafogar as vistas.

Frente-a-frente duas equipas de realidades bem distintas. Para se ter uma noção, embora já se tivessem defrontado por seis vezes, havia sido sempre na segunda divisão, e a última vez foi há 40 anos.

Neste reencontro, agora para a 4ª eliminatória da Taça de Portugal, a equipa da casa entrou em campo disposta a causar surpresa. Nos primeiros minutos, o Caldas conseguiu mesmo criar perigo junto da baliza de Georgemy, que rendeu o habitual Kieszek na baliza estorilista. João Rodrigues, ainda nos primeiros dez minutos, levou a bola a passar muito perto da linha de golo. Faltou um desvio certeiro.

Aos poucos e poucos, o Estoril foi aparecendo no jogo, mas sem resultados práticos. Continuava por cima o Caldas, motivado pelo apoio dos adeptos, presentes em massa na Mata das Caldas da Rainha.

Quando nada fazia prever, mesmo nada, o Estoril conseguiu marcar. Na sequência de um pontapé de canto cobrado por Leandro Chaparro na direita, Dieguinho saltou mais alto que os defesas caldenses e cabeceou para o fundo das redes do guarda-redes João Guerra.

Um golo totalmente contra a corrente do jogo e que teve repercussões bem visíveis. O Caldas encolheu-se mas apenas por breves instantes, dando boa resposta logo em seguida. O Estoril, esse, limitou-se a esperar pelo adversário, apostando nas bolas para as costas da defesa, como se o Caldas fosse o favorito. Inverteram-se os papéis, mas não o resultado até ao intervalo.

FILME DO JOGO
 
No segundo tempo a história foi ligeiramente diferente. Pressionado pelo estatuto de favorito, o Estoril partiu para cima do adversário, talvez em busca do golo da tranquilidade. Embora mais fortes ofensivamente, os canarinhos não conseguiram furar a defesa do Caldas.

Foram exceção à regra as investidas de Dieguinho e um ou outro remate de fora da área de Matheuzinho, mas invariavelmente esbarraram em João Guerra.

Com a chuva sempre a marcar presença, o jogo foi caminhado sem grande espetáculo até ao fim. O terreno ficou pesado e o ritmo quebrou de uma forma quase inexplicável. O Caldas, ainda assim, mostrou estar vivo e por duas vezes levou o perigo à baliza estorilista.

Apesar da boa réplica, foi de novo o Estoril a estar perto do golo. Aos 65 minutos, Dieguinho foi derrubado na área por Thomas Militão. O árbitro Nuno Almeida apitou para a marca de grande penalidade. Só que, na conversão, Mattheus Oliveira permitiu a defesa de João Guerra, desperdiçando a melhor oportunidade do Estoril na segunda parte.

A defesa de João Guerra levou o público no Campo da Mata à loucura e motivou ainda mais os colegas de equipa. A partir daí, o jogo foi disputado mais com a cabeça do que com o coração. E assim foi, até ao apito final. Pouco futebol, muita luta a meio campo, um jogo cinzento.

A sorte sorriu assim ao Estoril, que garantiu a passagem aos oitavos de final da Taça de Portugal, num jogo onde o empate era um resultado aceitável, e a surpresa… até nem seria surpresa.