O Sporting segue para a final da Taça de Portugal depois de empatar a eliminatória com um golo de Coates a cinco minutos do final do tempo regulamentar e, tal como já tinha acontecido na Taça da Liga, a ser mais certeiro na lotaria das grandes penalidades (5-4). Ao contrário do clássico da Luz, Sérgio Conceição passou a mensagem, desde o banco, que o empate chegava para abrir as portas do Jamor depois do FC Porto controlar boa parte do jogo. Preparou a equipa para defender nos instantes finais e acabou por pagar caro por isso. A verdade é que Rui Patrício não fez uma única defesa ao longo de todo o jogo e, tal como aconteceu na Luz há três dias, ironia das ironias, voltou a vencer a equipa que mais apostou na vitória.

Confira a FICHA DO JOGO

O jogo começou com o FC Porto em vantagem, graças ao golo solitário de Tiquinho Soares no Dragão, e foi com naturalidade que o Sporting procurou assumir as rédeas do jogo, logo após o primeiro apito de Jorge Sousa. Jorge Jesus manteve praticamente a confiança no onze que, há três dias, venceu no Restelo, reforçando apenas a defesa com os regressos de Piccini e Mathieu em detrimento de Ristovski e André Pinto. Sérgio Conceição também não mexeu muito, mas apostou num onze ligeiramente mais conservador do que aquele que elegeu para a Luz, com Ricardo Pereira a render Marega e Óliver a entrar para o lugar de Sérgio Oliveira. O jogo começou com o campo inclinado para a baliza de Casillas, mas por pouco tempo. Com uma marcação cerrada, homem a homem, a equipa de Sérgio Conceição abafou por completo as intenções do rival e, com mais posse de bola, passou a controlar o jogo.

A boa entrada do Sporting permitiu a conquista do primeiro canto do jogo e de um remate de Bruno Fernandes, à entrada da área, por cima da trave. Logo a seguir, o FC Porto assumiu o controlo, com autoridade. Sob uma pressão tremenda sobre o detentor da bola, o Sporting não conseguia fazer dois passes seguidos e, assim, sentia muitas dificuldades para passar a linha do meio-campo. O FC Porto tinha mais bola, mas também não conseguia muita profundidade, embora Brahimi fosse provocando, aqui e ali, alguns desequilíbrios, arrastando um, dois ou três jogadores do Sporting. Um erro de Piccini permitiu a Otávio visar, pela primeira vez a baliza de Patrício, mas a verdade é que o jogo estava com pouca intensidade, como interessava mais ao FC Porto.

O FC Porto tinha muito mais gente no meio-campo e ganhava praticamente todas as bolas e conseguia manter o jogo mais tempo no meio-campo do Sporting que só conseguiu voltar a pressionar o adversário nos últimos instantes da primeira parte, com destaque para uma jogada individual de Gelson que deixou Telles nas covas e cruzou tenso, com a bola a atravessar toda a área do FC Porto sem que surgisse alguém para a finalização. Em resumo, uma primeira parte com pouca intensidade e poucas oportunidades de golo. Patrício e Casillas não fizeram uma única defesa nesta primeira parte, mas tendo em conta os últimos jogos, em que o FC Porto cresceu na segunda parte na Luz e o Sporting sentiu dificuldades para segurar a vantagem no Restelo, o nulo ao intervalo era claramente favorável às pretensões da equipa de Sérgio Conceição. Mas não seria bem assim.

Jorge Jesus procurar equilibrar o meio-campo, recuando Bruno Fernandes para a zona de construção, mas o FC Porto conseguiu transportar o mesmo controlo com que tinha acabado a primeira parte para a segunda, empurrando o Sporting para o seu meio-campo, defendendo junto ao círculo central como se fosse a sua grande área, prendendo os leões bem longe da baliza de Casillas. A pressão voltou a ser intensa e uma combinação entre Brahimi e Tiquinho Soares, isolou o brasileiro, mas Coates conseguiu cortar in extremis, quando Tiquinho já armava o remate. O Sporting respondeu logo a seguir, com Gelson a ultrapassar Telles mais una vez e a tentar servir Battaglia que acabou por chocar com Casillas.

FC Porto recua em toda a linha até ao golo de Coates

A verdade é que o jogo voltou a cair num marasmo, com muitas paragens e pouco futebol, mas ainda viria a animar. Com os minutos a correr para o final, o FC Porto foi recuando, recuando, com a certeza de que o nulo lhe chegava para ir ao Jamor em maio. Uma ideia alimentada por Sérgio Conceição a partir do banco, procurando arrumar definitivamente com a insonsa partida, primeiro com a entrada de Sérgio Oliveira, depois ainda com Diego Reyes. Jorge Jesus apontava em sentido contrário, juntando Montero a Bas Dost na frente de ataque. Os leões conseguiam finalmente jogar na área de Casillas diante de um FC Porto cada vez mais encolhido à espera do apito final e, na sequência de um pontapé de canto, conseguiu finalmente chegar ao golo que nivelava a eliminatória a cinco minutos do final. Erro tremendo de Marcano que colocou a bola nos pés de Coates e o uruguaio atirou a contar, com a bola a bater caprichosamente no poste antes de entrar.

Com as bancadas em festa, o FC Porto quase que empatou logo a seguir, com duas bolas na trave, primeiro Marcano, depois Felipe, antes de Reyes a empurrar para lá da linha fatal. O FC Porto ainda festejou com se não houvesse amanhã, mas a bandeirola já estava levantada há muito a assinalar o adiantamento do central brasileiro na segunda cabeçada. Não valeu. O jogo seguiu mais intenso do que nunca nestes instantes finais, contrariando todas as teorias sobre o desgaste físico dos jogadores e foi mesmo para prolongamento.

Mais trinta minutos, com um Sporting, ainda com uma substituição para fazer, montado para o ataque e um FC Porto, já sem poder voltar a mexer, mais talhado para defender, pelo menos em teoria. Ainda empolgado com o golo do empate, Gelson teve uma oportunidade soberana para marcar, com um remate cruzado que passou perto do poste. O Sporting estava, agora, pela primeira vez, claramente por cima do jogo e Montero e Bruno Fernandes também contaram com oportunidades soberanas para matar a eliminatória. O FC Porto sentia mais dificuldades em chegar à frente, mas Aboubakar, em posição irregular, ainda chegou a silenciar Alvalade, quando contornou Patrício e atirou às malhas laterais. Jogou-se mais em quinze minutos do que nos primeiros noventa. A segunda parte do prolongamento já foi menos intensa e chegou ao final com uma bomba de Brahimi por cima da trave.

Na lotaria das grandes penalidades, Marcano, que já tinha acertado na trave, atirou a primeira ao poste e depois ninguém mais falhou, os leões venceram por 5-4 e marcaram encontro com o Desporto das Aves no Jamor.