O Desp. Chaves venceu o Torreense nos oitavos de final da Taça de Portugal, por 2-3, com o golo do triunfo a ser apontado nove minutos para lá dos 90'.

Jorge Simão explicou em conferência de imprensa que todas as dificuldades que encontrou eram esperadas: «Nem eu, nem o meu staff, nem os meus jogadores esperaríamos outra coisa. Este é um jogo num contexto muito específico, a Taça de Portugal. É uma competição que pode colocar em confronto equipas de divisões abaixo e quanto mais avançada for a eliminatória maior o ambiente é criado.»

Depois dividiu essas dificuldades em três parâmetros: «Assistiu-se a uma moldura humana que me admira, massa associativa fervorosa, os nossos adeptos também compareceram e foram significativos e quero deixar uma palavra de apreço para isso. Este é o primeiro item.»

E continuou: «O segundo: campo muito difícil, a relva alta, muito irregular e em alguns locais com poças que dificultava muito, aumentava muito o tempo entre o primeiro e o segundo toque. A receção era muito dificil. A bola não rolava rápido nem em trajetória linear. O terceiro item tem a ver com os aspectos motivacionais da equipa do Torrense. É uma boa equipa, uma palavra de felicitação para o Torreense que é uma boa equipa, que tem feito um campeonato absolutamente fantástico, e que colocou as dificuldades que nós esperávamos.»

O treinador explicou que mesmo tendo entrado a perder, a equipa esteve bem: «Fizemos aquilo que tínhamos de fazer, sofremos um golo e mantivemos a serenidade. Aumentámos a qualidade do nosso jogo quando muitos pensavam que seria o contrário e virámos o resultado. Depois, num lance em que o Torrense passou a abusar, aquelas bolas longas, duelos no ar, ali na confusão no meio da área, cheio de carambolas, fizeram o empate. Todo o mérito no golo obtido, mantivemos a serenidade e surgiu o terceiro golo. Foi o corolário de uma exibição esforçada, difícil, mas merecida para o Desp. Chaves.»

O Torreense estava a menos um quando empatou, em cima do minuto 90', e mesmo assim tentou o terceiro. O Desp. Chaves acabaria por chegar ao golo antes do apito para tempo extra. Jorge Simão admitiu que estava a pensar em mais meia hora de jogo e que teve medo de ser eliminado.

«Estaria a mentir se dissesse que não tive receio. Mas tenho que dizer também que a minha ideia era levar o jogo para prolongamento para serenar e para voltar a acalmar as coisas. Sabia que tínhamos vantagem numérica e que o fator intensidade porderia prevalecer, porque há diferenças como é óbvio. Não acho que a grande diferença entre os jogadores da I Liga e destas divisões estejam na qualidade, mas sim na intensidade com que fazem as coisas, o ritmo. Podia ser uma vantagem para nós no prolongamento, não foi necessário, melhor ainda.»

O treinador referiu ainda que nem percebeu que o empate tinha sido feito num autogolo: «Não tenho a mínima noção de como o golo apareceu, só vi a bola lá dentro. Muito difícil aquelas bolas.»

O objetivo agora é mesmo a final: «É. Aquando da nossa primeira eliminatória, com o União, foi um objetivo delineado por todos de querermos reeditar a presença do Desp. Chaves no Jamor. Não fui eu, fomos nós e partilhámos e hoje foi mais um passo nesse sentido. Chegámos aos quartos, estamos na luta.»

Na despedida, dedicou um voto de força ao clube de Torres Vedras: «Felicidades para o Torreense, rumo à II Liga.»