A Taça de Portugal vai para a Vila das Aves. «A maior vila do futebol português», de acordo com a tarja exibida antes do jogo pelos adeptos que vieram do norte do país.

Guedes foi Alexandre, o Grande, e com dois golos escreveu a mais bela página da história do emblema fundado em 1930, que venceu a prova-rainha pela primeira vez e vai disputar as provas europeias.

A experiência de Quim também foi fundamental para este feito, mas foi o avançado de 24 anos a colocar o dedo na ferida do Sporting.

Depois de uma das semanas mais atribuladas da sua história, o clube leonino fecha a temporada com um desaire pesado. A equipa verde e branca deixou o relvado entre insultos de descontentamento e aplausos de solidariedade, mas o ambiente está indiscutivelmente crispado, e os próximos dias prometem trazer mais turbulência.

Ferida em vários sentidos, a equipa de Jorge Jesus tentou marcar uma posição logo no arranque do encontro, e ainda antes de estar cumprido o primeiro quarto de hora já podia perfeitamente estar em vantagem. Gelson Martins apareceu duas vezes na cara de Quim mas em ambas (11 e 14m) permitiu a defesa do guarda-redes, com condições para fazer bem melhor.

Eficácia foi o que não faltou ao Desportivo das Aves, que na resposta chegou à vantagem, tirando partido de uma transição rápida muito bem delineada e concluída em mergulho por Alexandre Guedes, a abrir o marcador de cabeça.

O Sporting procurou reagir ao golpe, mas tal como noutras ocasiões mostrou escassa clarividência em ataque organizado. Com a agravante de uma semana de trabalho mais do que atípica, a contribuir para a fraca dinâmica.

Insatisfeito, Jorge Jesus mudou 4x4x2 à passagem da meia-hora. Battaglia passou a jogar pela direita, Bruno Fernandes jogou mais próximo de William e Gelson passou a fazer dupla com Bas Dost.

O Sporting não melhorou e foi a equipa de José Mota que voltou a aparecer com perigo na frente, através de remates de Braga (34m) e Rodrigo (45m).

Bruno Fernandes ainda reagiu com um remate de longe, mas Jorge Jesus decidiu que era preciso voltar a mexer, e ao intervalo deixou William no balneário para a entrada de Montero.

O colombiano entrou bem, e ao minuto 52 até tirou um cruzamento que fez Bas Dost entrar no jogo, com um remate de pé esquerdo que saiu ligeiramente ao lado.

Só que mantendo as dificuldades em ataque organizado, também por indiscutível mérito da organização avense, o Sporting foi criando perigo sobretudo através de livres diretos, por intermédio de Mathieu (58m) e Bruno Fernandes (61 e 70).

Bem mais pragmática, a equipa do Desportivo das Aves aproveitou mais uma transição rápida para aumentar a vantagem. Tudo começa numa perda de bola de Gelson Martins (que sofre uma pisadela de Vítor Gomes) e depois Alexandre foi grande a fugir a Coates e a bater Rui Patrício pela segunda vez.

Um momento que dividiu os adeptos leoninos entre apupos reprovadores e aplausos de esperança, com muitos a optarem mesmo por abandonar o estádio.

Esses já não viram um falhanço incrível de Bas Dost, de baliza aberta, a acertar na trave (80m). Como também não viram o golo de Fredy Montero, ao minuto 86, a garantir alguns minutos de tréguas.

O Sporting foi à procura do prolongamento e até chegou a ter Rui Patrício na frente, mas não chegou ao golo.

Com uma estratégia lúcida e bem aplicada, o Desportivo das Aves fez história, juntando-se ao lote de emblemas com a prova-rainha no palmarés.