O Sporting vai estar pela 27ª vez numa final da Taça de Portugal à procura do 16º troféu depois de bater o Nacional no jogo da segunda mão da meia-final com um golo, mesmo ao cair do pano, marcado por Ewerton. Um golo que confirmou a vantagem que os leões já traziam da Madeira (2-2) e que a equipa de Manuel Machado fez muito pouco para desfazer. Um jogo que foi quase sempre cerebral, com os leões a assumirem a iniciativa, mas com uma tremenda concentração para nunca perder a vantagem inicial. Os madeirenses ficaram sempre à espera de um erro que nunca chegou.

Confira a FICHA DO JOGO

As equipas entraram em campo com dispositivos táticos em quase tudo idênticos, com dois jogadores à frente da defesa e um terceiro mais solto, neste caso, João Mário e Tiago Rodrigues, a jogar entre os extremos no apoio direto ao ponta de lança. As ideias também não eram muito diferentes. Um Nacional bem fechado, mas à espera de um erro do adversário para sair em contra-ataque; e um Sporting com mais iniciativa, mas concentrado em não perder a vantagem, deixando sempre dois, três ou quatro jogadores na retaguarda para evitar dissabores. Um relvado a transbordar rigor tático, concentração e muitas cautelas, mas com falta de audácia e pouco espaço para o espetáculo.

Os leões tinham mais bola, mas só conseguiam combinações nas alas, quase sempre na esquerda, com pouco espaço e poucos homens na zona central para trocar a bola. As primeiras oportunidades surgiram em lances de bola parada. Uma cabeçada de Slimani num canto e um livre à figura de Nani. O Nacional, por seu lado, tinha ordem para rematar. Mesmo de muito longe, procurando tirar proveito da chuva e do terreno escorregadio para tentar surpreender Patrício. Marco Matias, com uma bomba, atirou a rasar a barra, enquanto Tiago Rodrigues rematou à figura de Patrício em dois remates fora da área. Estes foram os melhores lances da primeira meia-hora, jogada, como já dissemos, com muita contenção.

O ritmo cresceu a olhos vistos quando Nani e Carrillo trocaram de flanco, com o peruano, em constantes combinações com Jefferson, a dar vida ao flanco esquerdo e a arrancar cruzamentos para mais duas cabeçadas de Slimani que, esta noite, rematou sempre para onde estava virado. Foi neste período de maior fulgor que surgiu a melhor oportunidade para os leões, com a João Mário, destacado na zona frontal por Jefferson, a colocar a bola por cima de Gottardi e da barra, num lance em que parece haver falta de Zainadine no momento do remate. A fechar a primeira parte, mais um remate do Nacional fora da área, desta vez com a assinatura de Christian e a obrigar Patrício a defesa apertada. Pouco Sporting, mas também pouco Nacional. Pouco futebol.

Machado não arrisca, Ewerton acaba com dúvidas

A segunda parte começou praticamente com um enorme susto para o Sporting, com uma cabeçada de Christian a obrigar Patrício à defesa da noite, com Miguel Lopes a limpar o lance. Um alarme que fez soar as trombetas em Alvalade. Como o jogo estava e pelo tempo que faltava jogar, quem marcasse ficava com um pé bem enterrado no Jamor. Foi o momento de reorganização. Manuel Machado, que tinha perdido Luís Aurélio na primeira parte, por lesão, trocou Tiquinho Soares por Lucas João. Marco Silva, por seu lado, prescindiu de João Mário [o que mais correu na primeira parte] para lançar Carlos Mané.

O Nacional voltou a assustar Patrício com mais um pontapé de longe, com Christian, na marcação de um livre, a rematar fortíssimo, a mais de trinta metros, para defesa apertada do guarda-redes do Sporting, mas nesta altura já eram os leões que assumiam novamente as rédeas do jogo e Slimani ficou a centímetros do golo na sequência de mais um cruzamento de Carrillo. O ritmo de jogo subia a olhos vistos com a equipa de Marco Silva a carregar no acelerador e a fixar o jogo junto à área de Gottardi. É verdade que o golo não aparecia, mas desta vez não havia motivo para pressas e nervosismos porque o Sporting, afinal de contas, continuava em vantagem e a verdade é que o Nacional nunca se mostrou muito disposto a mudar esse quadro, continuando a aguardar por um erro do adversário, mas sem fazer muito para que isso acontecesse.

Confira os destaques do jogo

Manuel Machado fez mais uma troca por troca, ao prescindir de Ali Ghazal para apostar em Gomaa, enquanto Marco Silva adaptava-se à realidade e prescindia de Carrillo para ter mais bola com André Martins. Com os madeirenses em quebra, o Sporting instalou-se praticamente na área do Nacional, com uma série infindável de cantos, com o Nacional a tentar sair em contra-ataques que morriam quase sempre à nascença, uma vez que o Sporting nunca prescindiu de ter três ou quatro jogadores mais recuados para eventuais surpresas.

Para acabar com todas as dúvidas, os leões fecharam o jogo com um golo, na sequência de um livre de Jefferson, com Ewerton a desviar de cabeça para as redes de Gottardi. O Nacional ainda reclamou a posição irregular de William, mas nas bancadas de Alvalade já só se ouvia «ao Jamor eu vou».