Paredes, Fabril e Sacavenense preparam os respetivos duelos contra os ‘três grandes’ na Taça de Portugal. Ao longo da semana, os protagonistas da prova rainha escrevem na primeira pessoa no Maisfutebol. Como são estes dias para atletas semi-profissionais e para plantéis que andam longe do foco mediático? A essência da Taça de Portugal nas palavras dos candidatos a heróis.

MARCO RIBEIRO: 25 anos, guarda-redes do União de Paredes
. 16 de novembro de 2020, a cinco dias do Paredes-Benfica

O DIA-A-DIA

«No sábado, o meu Paredes recebe o Benfica para a Taça de Portugal. A minha semana começou de forma muito tranquila e o primeiro treino é realizado hoje à noite [segunda-feira, 18h30]. Em Paços de Ferreira, onde joguei sete anos, estava habituado a treinar de manhã, mas agora é diferente. No Paredes treinamos ao fim da tarde, porque há muitos jogadores que têm outras profissões.

Hoje acordei cedo, como de costume, e aproveitei o horário até ao almoço para ir fazer umas compras para casa. Almocei bem, descansei um pouco depois e agora tenho umas horinhas até ao treino. Gosto de chegar cedo, sou sempre um dos primeiros. Normalmente temos folga à segunda-feira, mas como não tivemos jogo no domingo e vamos jogar no sábado, esta segunda lá estaremos a treinar. Nesta altura não faço muitas coisas fora de casa e dos treinos, devido às condicionantes impostas pela pandemia. Hoje fui às compras, sábado tenho o Benfica. É uma semana engraçada.»

Marco a celebrar no relvado a subida à I Liga em 2019 (arquivo pessoal)

AS CONDIÇÕES DE TRABALHO E O BENFICA

«No nosso Paredes as condições são razoáveis. Temos um campo relvado e um campo sintético. Estão a decorrer obras, os balneários estão quase prontos, mas para já os nossos vestiários ainda são contentores adaptados. Em breve as condições serão melhores, a direção está a fazer tudo para isso.

O relvado está minimamente bom, tem alguma qualidade. Estivemos quase uma semana sem ir lá, porque esteve em tratamento. Acredito que iremos fazer um treino esta semana no relvado, para nos adaptarmos.

Nesta altura, a cinco dias do jogo, ainda não tenho indicação se serei titular. Nos outros dois jogos da taça joguei de início, mas a semana está a começar e toda a gente vai trabalhar ainda mais um bocadinho para ser opção. Todos querem jogar, estes jogos dão grande visibilidade. Provavelmente, este será o jogo mais importante da minha carreira. Joguei na I e na II Liga, nas taças, mas contra o Benfica é um teste desafiador.

O Benfica tem só bons jogadores, mas gosto particularmente do Seferovic. Vou fazer tudo para que ele não dê seguimento à fase de muitos golos que está a atravessar.»

Marco ao lado de Ricardo Ribeiro com a troféu da II Liga (arquivo pessoal)

O PERCURSO DESPORTIVO

«Comecei a jogar na formação do Salgueiros. Entrei lá aos 14 anos e fiquei até ao meu primeiro ano de júnior. Nesse ano tive a felicidade de me estrear nos seniores do Salgueiros e subimos da antiga III Nacional para a II B. Na época seguinte começou a ser realizado o Campeonato Nacional de Seniores, mas nessa altura eu já estava nos juniores do Paços de Ferreira.

Estive dois anos no plantel sénior, depois fui emprestado ao Gondomar e regressei para estar mais três anos no Paços. Tinha contrato por mais um ano, mas decidimos chegar a um acordo de rescisão. Eu queria mais minutos, mais regularidade e percebi que em Paços de Ferreira seria difícil ter isso.

O meu melhor ano na Mata foi com o mister Vítor Oliveira. Fiz cinco jogos em 2018/19. Tive, aliás, a sorte de apanhar grandes treinadores em Paços de Ferreira. Mas este ano optei pelo Paredes. O clube já tinha demonstrado interesse em mim antes, através de um treinador de guarda-redes que conheci na formação do Paços. Eu queria jogar, queria ficar perto de casa, por tudo o que o mundo está a passar, e escolhi o Paredes. Pareceu-me um clube organizado e sério.

Aprendi muito em Paços de Ferreira, mesmo sem jogar muito. Trabalhei com grandes guarda-redes. Defendi, Marafona, António Filipe… e criei uma ligação muito especial com o Ricardo Ribeiro. É um excelente guarda-redes e uma excelente pessoa.»

O AMIGO DIOGO JOTA

«Conheci grandes jogadores em Paços de Ferreira. O Diogo Jota, o Andrézinho. Surpreende-me mais ver o Andrézinho na União de Leiria do que o Diogo Jota em Liverpool. Porque o André tem nível mais do que suficiente para estar nas ligas profissionais. Sobre o Diogo, o que posso dizer? Tem capacidade de trabalho, de dedicação e seriedade. Toda a gente que trabalhava com ele sabia que ele ia chegar longe. Quando pensamos que ele chegou ao limite, ele surpreende-nos e dá um passo mais acima. É um bom amigo e mantemos contacto até hoje. É das pessoas mais humildes que conheço, não esquece as origens e os amigos.»

Marco entre Andrézinho e Diogo Jota no Paços (arquivo pessoal)