Na final da Taça menos final de Taça de sempre, venceu o FC Porto, ao derrotar em Coimbra o rival Benfica por 2-1. Um triunfo construído na adversidade – Díaz foi expulso perto do intervalo – e com alma de campeão, como é este Porto de Sérgio Conceição.

Longe do Estádio Nacional, sem Mata do Jamor e sem público nas bancadas. Assim se jogou a partida decisiva da Prova Rainha, no Estádio Cidade de Coimbra. Um cenário desolador em tempos de covid-19, mesmo para quem anda neste «novo normal» há alguns meses.

Festa, só o arrepiante momento em que Ana Moura entoou o hino nacional, antes do apito inicial, e claro, as celebrações pintadas – e muito merecidas – a azul e branco.

Dentro de campo, é preciso dizê-lo, o jogo também não esteve à altura da Prova Rainha. A redondinha, que jamais devia chorar, andou demasiado tempo longe das duas balizas e no ar. Nos bancos, os ânimos estiveram quase sempre muito exaltados – principalmente quando Luis Díaz, e depois Sérgio Conceição, foram expulsos.

Mas antes disso, refira-se, o FC Porto entrou melhor na partida. Conceição lançou Marega sozinho na frente e deu liberdade a Otávio, que maior parte das vezes se colou a Corona no lado direito do ataque. A estratégia resultou e os portistas entraram melhor, com Corona, inclusive, a obrigar Vlachodimos a defesa apertada.

Só que depois o Benfica estabilizou e a partida perdeu interesse. Pouco acerto na hora da decisão e muito pontapé para o ar afastaram a bola das redes encarnadas e azuis.

Mbemba escreve por Conceição

A expulsão de Díaz aconteceu em cima do intervalo e Veríssimo aproveitou a pausa para lançar Rafa e dar outra criatividade ao ataque das águias.

Só que este Porto é ainda mais Porto com Sérgio Conceição. Tal como na primeira parte, os dragões voltaram a entrar com tudo na partida e depressa se colocaram a vencer por 2-0, menos a jogar com menos um.

Mbemba foi ao ataque, fez de ponta de lança duas vezes, e bisou no espaço de 12 minutos, de bola parada, que tantas vezes foi importante para os portistas esta época. Festejava Sérgio Conceição na bancada, festejavam os jogadores no relvado. Antes da hora de jogo, o FC Porto já tinha uma mão na Taça mais bonita de Portugal.

Um triunfo que só se viu ameaçado aos 84 minutos, quando Vinícius reduziu para a formação da Luz de penálti, e aos 90, quando Jota atirou ao poste. Dois momentos que, ainda assim, não apagam a exibição pálida dos encarnados. Depois de começar a época a golear o Sporting, na Supertaça, jamais o Benfica imaginaria terminá-la assim: a ver o azul e branco do Dragão a festejar a dobradinha.

FC Porto e Sérgio Conceição dobraram o cabo das tormentas em que a Prova Rainha se transformou – os portistas tinham perdido no Jamor em 2016 e 2019. Conceição, além da derrota do ano passado, tinha perdido também em 2015, então ao serviço do Sp. Braga.

Frente ao eterno rival, os azuis e brancos não fizeram um jogo brilhante, mas fizeram o jogo que tinham de fazer: na raça, no crer e no compromisso, e com dois golos de bola parada, aspeto tão importante para Conceição: esta Taça de Portugal, a 17.ª do palmarés do clube, tem o dedo do técnico portista por todo o lado.