Um Natal azul e branco e quiçá, sem Jesus.

O FC Porto venceu o Clássico contra o Benfica por 3-0 e apurou-se para os quartos de final da Taça. As águias voltam a cair nos oitavos da prova rainha o que não acontecia desde 2017/18. De resto, a eliminação dos encarnados começou a desenhar-se aos 32 segundos.

Na bancada tal como Conceição, Jesus optou por reforçar o meio-campo com Taarabt, sentou Yaremchuk e confiou a Helton as chaves da baliza. Todos temos um plano até levarmos o primeiro golpe, não é? O Benfica levou-o aos 32 segundos – Evanilson foi o autor na sequência de um lançamento de linha lateral.

Por sua vez, o FC Porto trocou apenas Diogo Costa por Marchesín na baliza. A pressão asfixiante à saída da bola do adversário e o 4-4-2 padrão com Taremi mais baixo e Díaz próximo de Evanilson manteve-se. O dragão não temeu e asfixiou-o. Na sequência de um roubo de bola de Zaidu perto da área encarnada, Otávio obrigou Helton a defender para canto – errou na saída entre os postes e levou um chapéu de Vitinha.

Os encarnados não encontraram forma de fugir à asfixia do dragão e viram a eliminatória fugir-lhe num ápice. Em sete minutos – o momento exige precisão. Precisão teve também a equipa de arbitragem o invalidar um golo a Darwin por quatro centímetros. O VAR validou a decisão.

Era a fase em que o Benfica procurava não perder os papéis – expressão eternizada por Jesus há uns anos depois de uma derrota no Dragão. Aos papéis ficou, sublinha-se a defesa encarnada com Luis Díaz. O colombiano ganhou em velocidade a André Almeida e esperou por Evanilson para lhe entregar de bandeja o 3-0 – bis do brasileiro.

Tal como no dérbi com o Sporting, o Benfica voltou a ser anulado com facilidade por um rival direto. Taarabt ainda esboçou uma reação das águias num disparo fraco à figura de Marchesín. Foi, no entanto, um erro alheio – de Evanilson – que acalentou a esperança dos encarnados de disputar o jogo. O brasileiro atingiu João Mário com o braço e foi expulso por acumulação de cartões amarelos – havia visto o primeiro por pontapear a bola após o apito do árbitro.

Sob olhar atento dos dirigentes do Flamengo, o Benfica esboçou uma reação, ainda que ténue com as entradas de Yaremchuk e Everton. O FC Porto aguardou o ataque do oponente – viu Marchesín fazer mais defesas em sete minutos do que em toda a primeira parte -  até voltar a demonstrar superioridade.

Enquanto o Benfica usava e abusava dos cruzamentos – já com poder de fogo de Yaremchuk e Seferovic – os dragões aproveitavam o espaço para partir em transições. Numa dessas ocasiões, Zaidu correu de área a área e cruzou para um disparo de Taremi ao poste. O lateral nigeriano ameaçou o 4-0 instantes antes de Sérgio Oliveira ver o VAR impedir-lhe a possibilidade de ampliar o marcador.

Por outro lado, as águias assustaram Marchesín através do jogo aéreo. O argentino segurou o cabeceamento de Yaremchuk, mas mostrou-se impotente perante a cabeçada certeira do compatriota Otamendi. Mais uma vez, o VAR interrompeu os festejos do Benfica.

Este duelo, que é muito mais que um jogo, teve ainda mais uma expulsão. Desta feita, Otamendi viu o segundo cartão amarelo e falha novo regresso ao Dragão antes do fim do ano.

O resultado é mais do justo (poderia ter sido por números mais expressivos) e levanta uma questão importante: é possível um Natal sem Jesus?