Cinco anos depois, o FC Porto volta ao Jamor. A notícia esperava a impressão final desde o 0-3 aplicado em Barcelos. Agora sim, é oficial.

Um golo de Chidozie e outro de Marega, numa noite de angustiosa indiferença no Dragão – pouco mais de quatro mil almas no estádio, recorde negativo – lacrou a qualificação azul e branca.

Bancadas vazias, equipas transformadas da cabeça aos pés, ritmo agradável e pormenores interessantes, como se víssemos um treino à porta aberta. Neste contexto, absolutamente anormal para uma meia final da Taça de Portugal, ergueu-se o nome de Sérgio Oliveira sobre os demais.

O internacional sub21, incompreensivelmente votado ao esquecimento por Julen Lopetegui, encheu o campo com passes magistrais e pormenores técnicos riquíssimos – o túnel a Vagner no primeiro tempo é delicioso. Sérgio quer jogar mais e José Peseiro percebeu que pode contar com ele.

FICHA DE JOGO E AS INCIDÊNCIAS AO MINUTO

O resultado magro, pele e osso, explica-se pela ineficácia confrangedora dos azuis e brancos na hora do remate e pela quebra de produção a meio do segundo tempo. A partir dos 65/70 minutos, o Gil arriscou mais, aventurou-se em terrenos até aí interditos e até podia ter feito um golo por Yartey.

Se Sérgio Oliveira – Victor Garcia, Rúben Neves e José Ángel também – merecem palavras de elogio, o trio da frente não pode reclamar o mesmo tom. Varela não apareceu, Marega mantém uma relação tumultuosa com a bola, Aboubakar enfrenta um divórcio litigioso com a baliza: mais duas bolas aos ferros.

Reparem bem no ocorrido ao minuto 51. Passe errado de Kiki (lateral esquerdo do Gil), Aboubakar isolado passa pelo guarda-redes Iván e, com a baliza aberta, hesita, escorrega e acaba por entregar a Alberto Bueno. O espanhol, sozinho em zona de golo, atira para a VCI.

Outro exemplo da falta de tranquilidade (ou qualidade?) dos avançados do FC Porto: minuto 72, passe perfeito de Sérgio Oliveira e Marega, sozinho sobre a direita, dispara para a nuvem mais próxima. Assim é difícil.

Perto do fim, porém, a redenção parcial dos avançados: Alberto Bueno abre em Aboubakar na esquerda e o camaronês coloca rasteiro para Marega encostar sem problemas. 2-0, um placard normal e lógico perante tudo o que sucedeu.

FICHA DE JOGO: Sérgio Oliveira, bons olhos o vejam

Quatro notas importantes na equipa do FC Porto: Evandro saiu lesionado no final do primeiro tempo, Alberto Bueno voltou a competir – não jogava há dois meses e uma semana –, Bruno Martins Indi fez os derradeiros 20 minutos após a pequena paragem por lesão e Chidozie acabou o jogo a mancar.

Vale a pena, antes de fechar, recuperar o herói da partida. Sérgio Oliveira jogou e fez jogar, rematou, passou e fintou. Um homem da casa, económico e fiável, a marcar posição e a aproveitar como devia a oportunidade dada por José Peseiro.

Para reflexão dos responsáveis: vale a pena disputar as meias finais da Taça de Portugal a duas mãos? É digno da segunda mais relevante prova nacional ter um jogo nesta fase da competição com as bancadas vazias? Não e não.