O pequeno Santa Iria já tinha feito história ao tornar-se no único representante dos distritais na 3.ª eliminatória da Taça de Portugal. O conto de fadas da equipa da pro-nacional de Lisboa chegou ao fim diante do V. Guimarães, mas Paulinho, Félix, Portela, Telmo, Flecha e companhia saíram do campo do Sacavenense, casa emprestada para este domingo, com uma história para contarem aos netos.

Tudo sobre o Santa Iria-V. Guimarães

O conjunto de Santa Iria da Azóia caiu diante de um dos históricos do futebol português mas cai de coração cheio e acabou o jogo a encostar os vimaranenses às cordas.

Foi persistente, combativo e resistente. Um osso duro de roer, este pequeno David para com um Golias que não se livrou de um enorme susto. Teoricamente, não havia maior desequilíbrio de forças nesta eliminatória da prova rainha. Teoricamente, os vimaranenses não teriam grandes dificuldades para carimbarem o acesso à próxima fase. Teoricamente venceriam, muito provavelmente por números expressivos. Só que, no futebol, a bola é redonda mas tudo o que a envolve tem (hoje por boas razões) formas geométricas pouco lineares.

E o Santa Iria contrariou a teoria. Resistiu meia hora (!) até àquela cabeçada certeira de Bernard na pequena área após um livre batido por Tozé na esquerda. Convém dizer que o V. Guimarães teve mais bola e jogou na maior parte do tempo no meio-campo contrário, mas demorou muito tempo a adaptar-se ao sintético do Sacavanense, acumulando passes falhados. Com apenas dois resistentes no onze – Prince e Soares – em relação ao último jogo (3-3 com o Sporting), o Vitória sentiu dificuldades para desmontar a teia montada pelo Santa Iria, que quase sempre só tinha Flecha à frente da linha da bola. Mas se pensa que nas bancadas cheias do Sacavenense se assistiu a um massacre, desengane-se.

Depois do tal golo de Bernard, o Santa Iria ainda ameaçou o empate já perto do intervalo, numa cabeçada de Freitas à qual João Miguel respondeu com a defesa da tarde. Mais tranquilos na segunda parte, os vimaranenses sentenciaram a partida aos 58 minutos. Vigário foi à linha e cruzou para Soares, que encostou para o 2-0.

O Santa Iria parecia de rastos mas, embalado por quase 3 mil adeptos nas bancadas, foi buscar forças onde pareciam não existir. Já nos descontos, Flecha levou o público à loucura ao reduzir para 2-1. Meia surpresa que só não se transformou em escândalo pouco depois. João Miguel largou uma bola na área e Rui rematou forte para o fundo da baliza. Tiago Antunes assinalou falta e o Vitória pôde respirar de alívio por ter cumprido a missão.

O Santa Iria também cumpriu a sua! Valeu.

FICHA DE JOGO
Estádio do Sport Grupo Sacavenense, em Sacavém (Loures)
Espectadores: cerca de 3.000
Árbitro: Tiago Antunes (Coimbra)
SANTA IRIA: Paulinho; Félix, Salvador, João Vrea e Gonçalo; Stanick, Portela e Diogo Soares (Paiva, 67’); Freitas (Delgon, 67’), Flecha e Telmo (Rui, 87’)
Suplentes não utilizados: Tiago, Cláudio, Fábio e Mauro
V. GUIMARÃES: João Miguel; Francis, Prince, Moreno e Vigário; João Aurélio, Tozé e Bernard (Mbemba, 79’); Xande Silva, Soares (Teixeira, 62’) e Raphinha (Alex, 62’).
Suplentes não utilizados: Douglas, Josué, Hurtado e João Pedro
GOLOS: Flecha (90+2'), Bernard (30’), Soares (58’)
Disciplina: Freitas (29’), Diogo Soares (34’), Soares (41’), Tozé (45’)