Quim Machado tinha prometido não mexer muito frente ao Coruchense e cumpriu! Afinal de contas, a prova rainha é cheia de surpresas. E o futebol precisa dessas páginas de história para que continuemos a acreditar que ele ainda pode ter a pureza, a incerteza e o romantismo de outros tempos.
 
Mas o Vitória não quis contribuir para mais surpresas e regressou a Setúbal com a passagem à próxima eliminatória no bolso. O triunfo, esse, foi mais complicado do que seria de esperar. O Coruchense foi para a arena crente numa surpresa e alimentou durante mais de uma hora o sonho de seguir em frente na Taça de Portugal.
 
E alimentou o sonho porque teve na baliza uma parede. Gonçalo Guerra, que merece ser um dos principais temas de conversa em Coruche nos próximos dias. Foi graças a ele que a incerteza se manteve até que François, aos 74’, fez o 2-0 para os sadinos e desfez todas as dúvidas que ainda pudessem subsistir.

CONFIRA O FILME E A FICHA DE JOGO
 
Tirando os primeiros dez minutos de jogo, onde a equipa da casa entrou com todo o gás e até esteve perto de inaugurar o marcador, o conjunto orientado por Quim Machado raramente foi exposto a momentos de sofrimento. O golo de André Claro (de cabeça, aos 11’, após cruzamento de Arnold pela direita) foi um duro golpe na ousadia inicial da equipa ribatejana, que até estava a dar boa conta do recado.
 
O golo inaugural deu tranquilidade aos sadinos. Procurou afastar fantasmas que nunca deixaram de pairar sobre o Municipal Professor José Peseiro porque, repita-se, Gonçalo Guerra foi alimentando a fé ribatejana. Aos 25’ adivinhou o lado num penálti cobrado por André Claro. Osso duro de roer, este guarda-redes de 19 anos. Que o digam Nuno Pinto, Vasco Costa, Ruca, Suk, entre outros, que intensificaram o assalto à área coruchense na etapa complementar, em que os locais jogaram desde os 51 minutos reduzidos a dez, por expulsão direta de Obama.
 
O Vitória regressa a terras do Sado com o sonho intacto. Quim Machado elevou a fasquia, ao assumir que a conquista da Taça de Portugal faz parte dos objetivos dos sadinos, que não se deixaram tourear em Coruche, onde tiveram pela frente um adversário inferior, mas que não se deixou vergar na arena.