A postura abnegada dos jogadores do Pinhalnovense desde que a bola começou a rolar no Campo de Jogos Santos Jorge deixou logo antever que a curta viagem de 15 quilómetros de Setúbal ao Pinhal Novo não seria tão tranquila quanto a diferença de forças indicava.

Conjunto coeso, solidário e com homens rápidos na frente, o Pinhalnovense vendeu cara a derrota. E desengane-se quem pensa que o nulo no marcador foi preservado com recurso a uma postura ultradefensiva da equipa da Série E do Campeonato de Portugal.

FILME E FICHA DE JOGO

O Pinhalnovense foi mais do que isso. Arrumado defensivamente mas sem as linhas excessivamente baixas, foi arrojado nas saídas para o ataque e fez o Vitória passar por maus bocados.

É justo dizer que a equipa da casa tem um naipe interessante de jogadores. Só no onze inicial havia quem tivesse ligações passadas a V. Setúbal, Sporting e a vários outros clubes profissionais, mas houve um que se destacou dos demais: Ely Fernandes, avançado cabo-verdiano que é o goleador de serviço da equipa de Ricardo Cravo, que se estreou neste domingo no comando técnico do Pinhalnovense.

O triunfo do Vitória, ainda que magro e não obstante a postura estoica da equipa anfitriã, não merece contestação. Ainda que com dificuldades para praticar um futebol fluido num sintético gasto, e obrigados a vestir o fato-macaco, os homens de José Couceiro beneficiaram das melhores oportunidades do encontro.

Curiosamente foram melhores nos primeiros 45 minutos do que na restante partida, período no qual beneficiaram de três boas ocasiões para marcar, a mais soberana delas por Arnold aos 32’, que falhou incrivelmente depois de ter sido isolado por Gonçalo Paciência.

O avançado ex-FC Porto de 23 anos quebraria a resistência da equipa da casa com um fantástico golpe de cabeça à entrada da área do Pinhalnovense.

Parecia que o vencedor estava encontrado, mas o minuto 89 trouxe sal e pimenta ao jogo. Li Jiachen, suplente lançado na segunda parte, escapou à defesa sadina e caiu na área. Bruno Esteves considerou que a falta foi cometida ainda fora da área, admoestou Arnold Issoko com o vermelho direto acabou por alterar a decisão devido aos protestos da equipa visitante e deu ordem de expulsão a Tomás Podstawski, o verdadeiro autor da falta.

A vantagem numérica e os sete minutos de compensação deram uma nova alma ao Pinhalnovense, que passou a acreditar e foi levado ao colo pelas bancadas e adiou a decisão para o prolongamento quando, já para lá da hora, Alain, central que chegou a passar pelo V. Setúbal concluiu da melhor forma uma jogada de insistência dos anfitriões.

Prémio merecido para o Pinhalnovense que esteve perto de fazer tombar o «grande» do distrito de Setúbal, mas a inspiração de João Teixeira na segunda parte do prolongamento carimbou o 2-1 final e fez prevalecer a lei do mais forte, que precisou de suar mais do que esperaria.

FICHA DE JOGO

Pinhalnovense-V. Setúbal, 1-2

3.ª eliminatória da Taça de Portugal 2017/18

Campo de Jogos Santos Jorge (Pinhal Novo)

Árbitro: Bruno Esteves

PINHALNOVENSE: Maringá; Pinéu (Sócrates, 84’), Alain, Miguel Ângelo e Bebé; Feiteira, Zé Lúcio (Li Jiachen, 76’) e Arcanjo; Bruno Grou, Diego Zaporo (Landin, 76’) e Ely Fernandes.

SUPLENTES NÃO UTILIZADOS DO PINHALNOVENSE: Iuri, Miguel Sousa, Fábio Horta, Mesquita.

V. SETÚBAL: Cristiano; Pedro Pinto, Vasco Fernandes, Semedo (Edinho, 55’) e Nuno Pinto; Podstawski, Nenê Bonilha e Costinha; Arnold, Gonçalo Paciência (André Pedrosa, 90+1) e João Amaral (João Teixeira, 84’).

SUPLENTES NÃO UTILIZADOS DO V. SETÚBAL: Miguel Lázaro, André Sousa, Vasco Costa e Allef.

Disciplina

Cartões amarelos: Miguel Ângelo (60’), Gonçalo Paciência (70’), Maringá (87’), Iuri (90+8), Vasco Fernandes (109’), Cristiano (120+1)

Cartão vermelho: Tomás Podstawski (89’)

GOLOS

Gonçalo Paciência (67’), Alain (90+7) e João Teixeira (113’)