Sem brilho, com competência e, claro, com sorte. O Nacional venceu o Tirsense nas grandes penalidades, depois de um jogo onde quase nunca se notou que há dois escalões de diferente entre as duas equipas. Cai de pé a equipa de Santo Tirso, empurrada para fora da Taça de Portugal pelo jovem Vladan que defendeu três grandes penalidades.
O jogo, esse, poderia ser classificado como passatempo «Descubra as diferenças» de elevada dificuldade. Não foi fácil encontrá-las ao longo dos 90 minutos, mais prolongamento.
Recorde o filme do jogo
O ambiente em torno do jogo puxava pela nostalgia. Casa de um dos históricos do futebol português, há 15 anos arredado dos grandes palcos, o Estádio Abel Alves Figueiredo é um recinto à antiga. Bancadas em cima do relvado, sem cadeiras, relvado com generosas clareiras.
Na plateia, exigentes adeptos, de ambos os sexos, exploravam até ao tutano o esforço dos homens da casa. Que nem começaram nada mal. Menos bola, mas mais pressão. Muita vontade e algum perigo.
Numa primeira parte que foi entretida, sem ser brilhante, o Tirsense ficou perto do golo em duas ocasiões e o Nacional reclamou melhor sorte noutras tantas. Ainda assim, o melhor lance até foi da equipa da II Divisão que meteu a bola na baliza contrária, por Vítor Hugo, em lance anulado por fora-de-jogo.
Antes, Rondon tinha ficado a centímetros do golo, num remate que passou por cima, Mateus tinha disparado também com perigo e Danielson evitara males maiores ao tirar quase em cima da linha um centro de Tiago André, o mais atrevido dos homens da casa.
Não se pode dizer que o Nacional tenha passado o desafio a ver jogar. Aliás, os madeirenses tiveram maior domínio de jogo e foram controlando, mas a verdade é que nunca se impuseram como seria de esperar. E como se exigia.
Faltou estofo, faltou força, faltou confiança. Contra equipas como o Tirsense, que fazem da vontade artilharia pesada é preciso correr mais. O Nacional acreditou que o jogo se decidiria pela lógica. Deu-se mal. O querer também tem força no futebol.
O querer do Tirsense arrastou o jogo para prolongamento, depois de uma segunda parte menos interessante, onde Candeias, num pontapé por cima, e Correia, num desvio de cabeça em cima do apito final, tiveram as melhores oportunidades das suas equipas.
O prolongamento, esse, deixa pouco para contar. Um longo arrastão com um ou outro espasmo de parte a parte, mas sem lances de golo iminente. O Tirsense não tinha as forças do início. O Nacional, com Pedro Caixinha a demorar uma eternidade a mexer na equipa, não encontrou o discernimento que nunca teve no tempo extra. Assim, só poderia dar penalties.
A decisão passagem aos quartos-de-final da Taça de Portugal foi entregue às grandes penalidades. Quando a noite já tinha caído em Santo Tirso instalou-se a festa nas hostes insulares, num desempate que, até ele, foi equilibrado. Vladan defendeu três penalties e Todorovic carimbou o passaporte do Nacional para os quartos-de-final. Cai de pé o Tirsense, numa tarde para matar saudades.
FICHA DE JOGO:
Estádio Abel Alves Figueiredo, em Santo Tirso
Árbitro: André Gralha (AF Santarém)
TIRSENSE: Pedro Albergaria, Barroso, Marco Ribeiro,Paulo Sampaio e Vilaça; Bruno Monteiro, André Soares (Pinheiro, 52), Lio e Carlos Pinto (Pedro Fontes, 65); Vítor Hugo (Correia, 75) e Tiago André.
Treinador: Luís Miguel
NACIONAL: Vladan, João Aurélio, Luís Neto, Danielson (Felipe Lopes, 45) e Stojanovic; Todorovic, Mihelic e Juliano (Diego Barcellos, 90); Candeias, Mário Rondon (Oliver, 109) e Mateus.
Treinador: Pedro Caixinha
Disciplina: Amarelo para Felipe Lopes (70), Pedro Fontes (86), Diego Barcellos (90), Luís Neto (90+2), Barroso (92), Mihelic (109), Pinheiro (111), João Aurélio (112)
Nacional
4 dez 2011, 17:53
Taça: Tirsense-Nacional, 0-0 (3-4 nas g.p.) (crónica)
Vladan leva Nacional aos «quartos» num «Descubra as Diferenças» de elevada dificuldade
Vladan leva Nacional aos «quartos» num «Descubra as Diferenças» de elevada dificuldade
VÍDEO MAIS VISTO
NOTÍCIAS MAIS LIDAS