Histórias da semana: salários em atraso, Sporting e regresso do Belenenses. Uma que pode acabar mal (Olhanense), outra que espero volte a ser feliz (Sporting) e finalmente uma outra que a competência e o acreditar fez tornar possível (Belenenses).
1.Infelizmente os salários em atraso estão de volta! O exemplo da U. Leiria não serviu para nada. Os clubes na sua maioria continuam a gastar mais do que recebem e isso não é possível. O Olhanense é infelizmente apenas mais um. Qual o estado de espírito destes jogadores que não recebem há 4 meses? Naturalmente não é o melhor. Mesmo assim, e a lutar pela permanência no escalão principal, deram no sábado uma resposta do que é o profissionalismo contrastando com o amadorismo, as palavras e boas intenções, que não chegam, dos seus dirigentes. Quando se prepara uma época é obrigatório saber que existe dinheiro para fazer face aos encargos. Estes dirigentes não o fizeram. Entre controlos da Liga, estes jogadores vão para o quarto mês sem receber. Inadmissível.
15 de Abril marca o segundo controlo. A Liga vai esperar por este dia para agir? Não devia ser proactiva nos interesses não só da competição mas sobretudo dos principais agentes deste espectáculo? Agora pode ser tarde. Os jogadores não podem ter medo de exigir aquilo que é deles por direito. Cabe ao clube cumprir com as suas obrigações. As dificuldades que estão a viver não se esquecem. As medidas existentes para combater isto são insuficientes. Tem de haver controlo rápido e eficaz por parte da Liga e um castigo na mesma medida para todos aqueles que entram em incumprimento salarial. A Assembleia Geral da Liga é o espaço para tomar medidas a favor de um futebol português transparente, credível e sustentável. É utópico pensar assim? Não pode ser, olhando para aquilo que este desporto representa. É a única forma e é para isso que existe, assim os clubes queiram. A preocupação da Liga não pode ser apenas a guerrilha com FPF e Olivedesportos. O futebol português vive tempos difíceis e é altura de agir.
2.Sporting foi a eleições e tem novo rosto a liderar. A noite eleitoral decidiu e os sócios legitimamente escolheram o seu Presidente e a sua equipa e por isso os votos de boa sorte e sucesso para Bruno de Carvalho. Não era o meu candidato mas espero que tenha um mandato tranquilo, sem divisões e acima de tudo que consiga reequilibrar financeiramente e recuperar desportivamente o clube. Os tempos que se avizinham serão seguramente difíceis e a herança é pesada mas continuo a pensar o mesmo que escrevi a 12 de fevereiro.
3.Após três anos de ausência temos o regresso do Belenenses ao patamar principal do futebol português. Contrariando a expectativa inicial, foi paulatinamente, com um grupo de jovens com qualidade, vencendo e afirmando-se. A nove jornadas do final conquista com mérito a subida. Parabéns ao Mitchel Van der Gaag pelo excelente trabalho e para um projecto que parece equilibrado e com pernas para andar. Registo as palavras do acionista maioritário da SAD que diz que para o ano terá um aumento de 40 por cento nos custos mas espera um aumento de 600 por cento nas receitas.
Conclusão, válida para os três pontos e em geral: o futebol é paixão mas espera-se que quem o dirige, seja, no campo ou fora dele, rigoroso, equilibrado e competente na sua gestão, sabendo que a emoção estará sempre presente. O tempo da irresponsabilidade e impunidade não pode voltar a ter espaço nesta ou noutra actividade.
PS: Palavra final de agradecimento para José Couceiro, pela confiança que depositou em mim e pelo desafio que me lançou durante as eleições do Sporting, para um trabalho que se esperava difícil mas aliciante.