Tiago Gouveia é um rapaz com ideias firmes, um discurso seguro e excelente sentido de humor. Natural da Linha, vem de uma família bem estruturada e que sempre quis proporcionar-lhe uma boa educação.  Tem um irmão a acabar o doutoramento na Holanda, aliás, e o outro a trabalhar numa consultora de referência. 

Ele próprio entrou no ISCTE e teria seguramente seguido a via universitária, mas cancelou a matrícula para se dedicar ao futebol.

Em conversa com o Maisfutebol, antes de ir de férias, percorreu toda a carreira, explicou porque trocou o Sporting pelo Benfica, garantiu que em Alcochete toda a gente sabia que ele era benfiquista e sublinhou que foi a melhor opção que podia ter tomado. 

Pelo caminho revelou que Renato Paiva lhe mudou a vida aos 16 anos: não apostou nele, mas foi quem mais o fez crescer. Disse ainda que André Almeida é o jogador que mais ajuda os jovens e garantiu que a próxima pré-época vai ser a mais importante da carreira.

Qual é a primeira memória que tem do futebol?

Acho que a primeira memória é de um treino que fiz na escola de futebol Artur Taira. Fui lá com o meu irmão, o presidente do Tires estava a ver e chamou-me logo para ir para o clube. O meu irmão é quatro anos mais velho e fiz um treino que... nem sei, parecia que era melhor do que eles todos. É uma memória estranha, mas é a primeira que eu tenho do futebol.

Mas era mesmo o melhor de eles todos ou estava só inspirado?

Eu notei que estava muito bem, sentia-me muito bem ali. Lembro-me que estava mesmo feliz.

Que idade tinha nessa altura?

Oito ou nove anos. Comecei relativamente tarde comparativamente a outros jogadores que jogam comigo no Benfica: o Paulo Bernardo, o Rafael Brito, vários jogadores que começaram mais cedo. Mas pronto, nessa altura o presidente do Tires viu-me, chamou-me e eu fui, claro.

Mas antes disso já jogava na rua, na escola...?

Jogava na escola, mas nada de especial. Eu andava na natação e no judo, mas queria mesmo era jogar futebol. Queria entrar para um clube e quando apareceu a oportunidade fiquei felicíssimo.

Pois, porque os seus irmãos faziam judo e o Tiago estava destinado a ir por aí, não era?

Sim, sim, eu lutei judo. Mas não gostava muito, porque quando as lutas eram mais no chão, agarravam-me e tal, eu sentia-me muito preso. Era assim uma espécie de claustrofobia que eu tinha no judo. Também sempre tive muitas cócegas e lembro-me, por exemplo, que o professor me levantava os braços e começava a escrever-me no sovaco, mesmo para me fazer cócegas. Aí eu morria, só me apetecia chorar e gritar. [risos]

Mas porque é que ele fazia isso?

Porque era uma piada que ele tinha, era a assinatura. Ele dizia: ‘vou fazer-te a minha assinatura’. Então levantava-me o braço e começava a fazer a assinatura. Eu morria de cócegas e pronto, fiquei com esse trauma do judo. Mas eu nunca fui muito bom, sinceramente. O meu irmão é cinturão preto, mas eu não era muito bom. Inclusivamente parti um braço, embora por uma razão estúpida: ganhei um minitorneio, estava no pódio e para celebrar saltei para trás, caí e parti o braço. Aliás, quem me conhece sabe que isto é uma coisa perfeitamente normal em mim. No geral foi uma experiência engraçada, mas não era algo que eu quisesse continuar na minha vida.

O judo e a natação eram imposição dos seus pais?

Todos os pais gostam que os filhos façam desporto. Para além de ser bom, faz bem para desligar um bocadinho da escola e para fazer novas amizades. Eu tinha oportunidade de fazer judo nos Maristas, em Carcavelos, e natação no Clube Nacional de Ginástica, na Parede, portanto era tudo ali perto de casa e fazer desporto foi uma coisa que sempre nos foi incutida.

É verdade que foi jogar futebol para o Tires às escondidas da sua mãe?

Não, não, isso não é verdade. Até porque eu tinha nove anos, como é que eu ia às escondidas da minha mãe? Isso era impossível. Naquela altura, se bem me lembro, e eu ainda não tinha carta de condução. Se bem me lembro [risos]. Só se tivesse para o triciclo lá de casa, mas acho que nem isso. É verdade que no início ela não foi muito recetiva, mas uma mãe quer é ver o filho bem. Se o filho queria jogar futebol, claro que ela acabou por aceitar e acho que não se arrepende.

Mas a sua mãe não gosta de futebol?

Gosta, gosta. Não sei se gostava no início, mas eu jogava futebol, os meus irmãos também jogaram no Parede e no Tires, portanto foi obrigada a gostar.

É um rapaz da Linha, portanto.

Sim, sou da Linha. De Carcavelos, da Parede, até mais da Parede. A minha família sempre foi bem estruturada, tive essa sorte, de facto, porque é uma sorte e ajudou-me muito, sem dúvida.

É o mais novo da família?

Sim, tenho dois irmãos mais velhos, gémeos, que estão agora com 25 anos.

Cresceu a jogar com gente mais velha e a levar porrada?

Sim, sim, lembro-me de jogar no Bairro do Barão com os meus irmãos e os amigos dos meus irmãos, que ainda hoje são amigos deles. É engraçado olhar para trás e ver que no estilo de jogo há algumas semelhanças com a forma como eu jogo agora. Eles eram quatro anos mais velhos, por isso mesmo que eu fosse melhor jogador, porque já era federado, as dificuldades eram enormes. Mas foram tempos muito engraçados.

«Toda a gente no Sporting sabia que o Benfica era o clube do meu coração»

Como é que foi do Tires para o Sporting?

Fui visto por um olheiro. Eu comecei a jogar no Tires com nove anos e logo na época a seguir fui para o Sporting. Estive lá um ano e voltei para o Tires.

Porque é que voltou?

Houve lá uns problemas que não me dá jeito falar [risos]. Tive que voltar e fiquei dois anos no Tires. Entretanto o meu pai trabalhava em França e a minha mãe decidiu que queria ir viver com ele. Então eu e ela fomos para França. Eu comecei a treinar no Toulouse, mas não cheguei a jogar. Só lá estive um mês. A empresa do meu pai precisou que ele fosse para a África, foi uma coisa de última hora, por isso o objetivo da minha mãe de estar com o meu pai foi para água abaixo, não valia a pena continuarmos em França e voltamos para Portugal.

Foi nessa altura que voltou para o Sporting?

Sim, o meu pai dava-se bem com o mister Bruno Freitas, que trabalhou no Sporting e no Benfica, falou com ele e perguntou se era possível eu voltar. Foi possível, eu voltei e estive lá até aos 15 anos. Aos 16 vim para o Benfica.

O Sporting sempre manteve interesse em si, mesmo depois de voltar para o Tires?

Sim, sim, sempre teve interesse. Mas pronto, foi uma decisão minha e depois optei por vir para o Benfica. Sempre foi o meu clube do coração, toda a gente naquela altura que trabalhava e treinava comigo sabia que o Benfica era o clube do meu coração, por isso foi uma decisão minha, que obviamente não agradou a algumas pessoas, mas eu não podia estar mais feliz com ela.

Foi uma decisão a pensar em si?

Foi uma decisão a pensar em mim, sim. Para a minha família não fazia muita diferença porque eram dois clubes de Lisboa, não tinha de sair de casa e não envolvia questões familiares. Foi uma decisão em que eu pensei só em mim, na minha felicidade e no meu futuro. De acordo com as circunstâncias da altura, pensei que o Benfica era o melhor para eu evoluir e não estava errado.

Como é que surgiu a possibilidade do Benfica?

O Sporting queria assinar contrato de formação comigo, mas eu recusei porque queria vir para o Benfica. Não me lembro bem dos detalhes, mas acho que informaram o Benfica que eu gostava de vir para aqui. Não tenho a certeza disto, atenção, mas acho que foi isso. Depois o Benfica falou internamente, considerou que era uma boa opção e eu aceitei o convite, claro. Eu queria vir.

No fundo correu tudo bem para si.

Sim, o Benfica podia ter dito que não, que não precisava, que não queria, mas chegou à conclusão que sim e, quando surgiu a possibilidade de vir, fiquei muito feliz.

«Não foi com o mister Renato Paiva que eu tive a minha melhor época, mas foi com ele que aprendi mais»

Veio então com 16 anos?

Sim, com 16 anos, para jogar nos Juvenis A, os sub-17.

Encontrou muitas diferenças?

Muitas diferenças, sem dúvida. Só o facto dos Juvenis A treinarem num campo de futebol de onze, num relvado natural, fazia toda a diferença. Na minha altura não acontecia isso no Sporting e acho que foi muito importante para a minha evolução. Outra diferença que encontrei foi no treinador. No Benfica apanhei o mister Renato Paiva e foi um choque, nunca tinha apanhado um treinador assim, tão ligado ao treino, que tivesse tanto prazer em treinar, que olhasse para o treino como se fosse a coisa mais importante do mundo. Isso foi importante, porque eu não estava habituado a essa exigência, a esse foco, a essa concentração que eu tinha que ter no treino. Foi o treinador que me fez olhar para o futebol de uma maneira completamente diferente, de uma forma muito mais minuciosa e com muito mais detalhe. Acho que aí foi o meu início e foi aí que eu comecei a evoluir mais a sério. Não posso descurar obviamente o trabalho no Sporting, que foi igualmente importante, mas a forma como eu fui recebido no Benfica, a forma como os treinos eram dados, a organização, as condições, foi um choque positivo e foi muito importante para mim.

Quando diz que o Renato Paiva o despertou para os detalhes, que detalhes eram esses?

Estamos a falar do futebol em si, da parte tática, do treino, dos exercícios e da ligação entre o treino e o jogo. Foi aí que eu despertei e comecei a perceber mais a parte estratégica do futebol. Posso já dizer que não foi com o mister Renato Paiva que eu tive a minha melhor época, não foi com ele que eu rendi mais, mas foi com ele que eu aprendi mais.

Por isso teve tanta importância para si?

Exatamente. E agradeço-lhe muito. Aliás, na fase final de juvenis fiz um jogo a titular com ele. Um jogo. Depois há malta que pergunta: ‘como é que gostavas tanto dele se não te punha a jogar?’ Eu não consigo olhar para as coisas assim. Mesmo que não tenha jogado tanto com o mister Renato Paiva, foi um ano fantástico. Foi um choque tremendo, como mudar da noite para o dia.

Quando trocou o Sporting pelo Benfica já tinha definido na sua cabeça que queria ser jogador de futebol?

Sim, sim. O meu objetivo quando vim para aqui sempre foi jogar na equipa principal do Benfica. Eu quando estava no Sporting, passei na Segunda Circular, em frente ao Estádio da Luz, a caminho de Alcochete para treinar, e disse: ‘Mãe, um dia vou jogar aqui’. Eu estava no Sporting e disse: ‘Mãe, um dia vou jogar aqui e não vou jogar como adversário, vou jogar aqui como jogador do Benfica’. Portanto, era jogador do Sporting e já tinha o sonho de jogar na equipa principal do Benfica. Esse sonho ainda não se concretizou, mas acredito que no futuro vai concretizar-se.  

Quando pensa no que passou ao longo deste período, o que lhe vem mais depressa à cabeça?

As lesões. Foi algo que me marcou muito negativamente. Tive três roturas musculares, que atrasaram a minha evolução. Claro que não prevejo o futuro, mas acredito que poderia ser melhor jogador sem as roturas. Foi muito triste, muito difícil, sobretudo perder a parte final da Youth League há dois anos. Mas infelizmente as lesões aconteceram e tive que lidar com isso. Tive que encontrar forças para me reerguer, para ser feliz outra vez e consegui-o.

Nessa altura chegou a passar-lhe pela cabeça que o futebol podia acabar?

Não. Pensei que talvez pudesse não voltar a ser o mesmo, porque sobretudo numa delas eu estava muito bem. Sentia que estava perto de dar o próximo passo.

E qual era esse próximo passo?

Acho que podia talvez ter chegado à equipa principal mais cedo. Eu estava muito bem, estava feliz e num nível exibicional muito consistente. Podia não acontecer, atenção, mas acreditava nisso.

Como é que foi voltar a Alcochete com a camisola do Benfica?

Foi especial. Antes de mais, porque joguei contra amigos e antigos colegas de equipa. Mas é sempre especial, sempre tive um respeito enorme pelo Sporting. Lembro-me de ter marcado golos ao Sporting e não ter festejado. Fui um pouco criticado por isso, uns em tom de brincadeira, outros mais a sério, mas é uma questão de respeito por aquela casa, é uma coisa minha.

«O André Almeida é o jogador que mais ajuda os jovens no balneário»

Como é que foi a primeira vez que entrou no balneário principal?

Não foi fácil. Entrar pela primeira vez no balneário no Seixal, olhar para o lugar do Pizzi, do André Almeida, do Rafa e ver os títulos que eles ganharam no Benfica... foi algo que me deixou intimidado. Sendo eu benfiquista, são referências para mim. Fiquei um pouco nervoso, um pouco ansioso, claro. ‘Ok, agora estou aqui, como é que eu falo com eles, como vai ser a minha linguagem corporal, como é que eu faço?’ Mas com o tempo passa e habituei-me a isso.

Já consegue mandar as piadas que mandava no balneário dos bês?

[Risos] Ainda não, ainda não. Consigo com um ou outro jogador, mas neste momento só com um ou outro. Ainda não tenho confiança suficiente.

Quem é que no balneário ajuda mais os miúdos que chegam?

O André Almeida. Não tenho problemas em dizer isto: é o André Almeida. Já falei com ele várias vezes sobre isso, é dos jogadores mais brincalhões e mais engraçados que eu já conheci, mas lá no fundo é um profissional muito bom, uma grande pessoa e que me ajudou bastante. Tanto no nível mais a sério, a dar conselhos, como na parte de integração no grupo, a mandar piadas. Dou-me muito bem com ele e agradeço-lhe por isso. E ok, também o Pizzi. Fiz a pré-época na equipa principal, nessa altura ele ainda estava lá e também foi uma pessoa que me ajudou muito a integrar. O André Almeida e o Pizzi são os que mais me ajudaram.

Entretanto veio a estreia com a equipa principal e aquela foto abraçado ao Sandro Cruz.

Bem, sinceramente eu pensava que ia estar que estar muito mais nervoso na estreia do que estava. Estava ansioso, estava um pouco nervoso, mas nada de especial. Acho que consegui gerir bem as emoções dentro de campo, até porque o Marítimo naquela altura estava com menos um. O Benfica estava por cima do jogo, podia entrar mais tranquilo e mais confiante, e acho que isso ajudou. No aquecimento estava sempre a olhar para trás, para ver o tempo no relógio, porque queria era entrar. Quando me chamaram, fui a correr, tirei tudo e estava já pronto para entrar. Entrei um pouco nervoso, mas muito menos do que estava à espera. Estava à espera de entrar muito mais nervoso.

E como foram as horas e o dia antes do jogo?

Nessa noite não dormi muito bem, sinceramente [risos]. Acordei algumas vezes durante a noite, sempre a olhar para o relógio. Queria levantar-me, ir tomar o pequeno almoço e que o dia começasse. Estava sempre a olhar para o relógio, mesmo durante o dia, à espera que chegasse a hora da reunião, do almoço, da saída, queria era ir para o jogo. Acima de tudo estava muito feliz. Foi talvez o dia mais feliz da minha vida.

Mas era uma felicidade interior ou que se notava?

Era uma coisa mais interior, não conseguia tanto exteriorizar o que sentia. Nesse dia estava menos falador do que o normal, estava mais naquele nervosinho natural, mas consegui gerir bem.

E no dia a seguir foi ver a equipa B...

Pois foi, pois foi, no dia a seguir fui ver a equipa B. Recebi várias mensagens de parabéns, mas consegui gerir bem. Acho que a humildade e o saber estar é o mais importante. Não posso simplesmente pensar que agora sou o melhor do mundo e não consigo perceber quem pensa. Vou continuar a pessoa de sempre, brincalhona, engraçada. Estreei-me na equipa principal, ok, foi um momento muito importante, mas a vida continua e eu não posso parar por ali.

Mas porque é que após voltar da Madeira foi ver a equipa B a Rio Maior?

Porque tinha folga e a equipa B é a minha equipa. Fui ver os meus amigos e apoiá-los.

...

Aliás, em relação a esta época de estreia na equipa principal eu tenho de fazer um agradecimento especial. Desde que estou no Benfica foi a época mais regular que eu tive, e isso deve-se muito ao Henrique Pereira, ao Jair Tavares e ao Umaro Embaló. Eu senti ao longo da época que se facilitasse o mínimo que fosse, era ultrapassado. Eles obrigaram-me a manter uma regularidade exibicional a níveis muito altos e tenho que lhes agradecer por isso.

«As férias vão ser muito a pensar no regresso: vai ser a pré-época mais importante da minha vida»

O facto de o Roger Schmidt ter fama de apostar nos jovens aumenta as expectativas para a próxima época?

Não aumenta as expetativas, é o decurso natural das coisas. Vem aí um mister novo e agora cabe-me a mim mostrar que pode contar comigo. Tão simples quanto isso.

As férias vão ser tranquilas ou vai ser muito a pensar no que aí vem?

Vai ser muito a pensar no que aí vem. Tenho que chegar bem à pré-época. Tenho que descansar, mas acima de tudo tenho que chegar bem à pré-época.

Achas que vai ser um pré-época fundamental na sua carreira?

Acho que vai ser a pré-época mais importante da minha vida.

E se não ficar, já pensou no que gostava que acontecesse?

Não, isso não é importante neste momento. Tenho que confiar em mim, confiar nas pessoas à minha volta, confiar que consigo ficar no plantel e ser uma opção viável para a próxima época.

O Benfica não é campeão há três anos. Isso aumenta a pressão sobre os jogadores, e em particular sobre a aposta nos jovens?

É uma pressão que faz parte deste clube e que tem que existir. Mas acima da pressão está a responsabilidade. Temos que ser responsáveis ao ponto de saber qual é o clube em que estamos e, sim, o Benfica tem que ganhar tudo. Claro que já nos somos campeões há uns anos, mas é um objetivo que temos e acredito que vamos ser campeões já na próxima época.

Já se imaginou no Marquês?

Não só me imaginei, como já lá estive, obviamente. Lembro-me sobretudo da última vez, lembro-me do golo do João Félix, contra o Santa Clara no último jogo. Estava lá em cima a ver o jogo, o João Félix marcou o último golo no campeonato, fiquei maluco e fui logo a correr direto para o Marquês. Estive lá muito tempo à espera, aliás. E sim, claro que é um sonho estar no Marquês, claro que me imagino no Marquês e claro que quero estar no Marquês.