Foi com todos os sinais de uma noite mal dormida que Ticha Penicheiro atendeu o telemóvel para falar com o Maisfutebol. Poucas horas tinham passado sobre o título da WNBA, pelo que, apesar de madrugador, o despertar foi o mais feliz de uma vida. «Sem dúvida», garante. «Fui acordada com vários telefonemas, incluindo dos meus pais, o que foi muito bom, porque esta alegria também é deles. Isto é um sonho concretizado».
Um sonho que vai tomando forma aos poucos. «Tudo isto ainda me parece um pouco irreal, mas com a quantidade de telefonemas que vou recebendo, vou interiorizando que é mesmo verdade». O sentimento, conta, é o melhor que se pode ter. «É o ponto mais alto da minha carreira e claro da minha vida. Não vai mudar nada em mim, mas é bom saber que tanto trabalho, tanto esforço, tantas horas trazem finalmente frutos».
Puxando um pouco atrás a cassete do jogo decisivo da final, perguntou-se à portuguesa o que sentira no momento em que a nove segundos do fim teve em dois lances livres a possibilidade de sentenciar a conquista do primeiro título para a cidade de Sacramento. Conseguiu estar tranquila? «Sou uma jogadora e uma pessoa bastante calma. Felizmente herdei essa característica do meu pai, porque se fosse da minha mãe era pior», sorri. «Estava calma, estava ciente de que ia marcar. Falhei o primeiro e tratei de concentrar-me ainda mais porque não podia falhar o segundo».

Não falhou mesmo e a vitória ficou ali mesmo à mão. Para Ticha os prémios já não são uma novidade. Eleita logo como uma primeiras escolhas do início da WNBA, a portuguesa foi coleccionando títulos de rainha das assistências. Mesmo assim, garante, este título é especial. «Já tinha recebido prémios individuais, que são muito bons, mas os atletas jogam para ganhar títulos colectivos, são esses os mais importantes. As Sacramento sempre tiveram boas hipóteses de ser campeãs, mas por uma razão ou outra não conseguíamos, este ano felizmente conseguimo-lo».