O nome Antonio Jesús García González pode não dizer-lhe muito, assim solto. Mas se tratarmos o proprietário do nome por Toñito, aqueles que têm memória do início do século lembrar-se-ão de um espanhol de pés rápidos, que chegou de Tenerife, passou pelo Bonfim e rumou a Alvalade, onde viria a encontrar um de tal de Cristiano Ronaldo. «O passe para o primeiro golo dele foi meu», lembra Toñito.

Aos 34 anos, este ex-leão é coordenador da escola Sporting Tenerife. Ao «As», contou como foi o primeiro dos 243 golos oficiais que Ronaldo leva na carreira.

O encontro foi com o Moreirense, para a jornada 6 da liga portuguesa. «Era o primeiro jogo de Cristiano a titular e marcou dois golos. Recordo que no primeiro fui eu quem lhe passou a bola, de calcanhar, no meio-campo. Depois, ele fez uma grande jogada, passou por três adversários e marcou», contou Toñito, que sorriu de seguida: «Dei-lhe um golo feito!»



A história parece quase retirada do Mundial de 1986. Maradona arrancou do meio-campo, passou por todos aqueles ingleses e bateu Shilton. «Com o passe que lhe fiz, se não marcasse golo, era para matá-lo», disse anos mais tarde um bem humorado Héctor Enrique, o argentino que ainda no próprio meio-campo deu a bola a El Pibe.

Setúbal como Nova Iorque, Ronaldo como Jordan

Toñito também relatou mais da vida passada em Portugal. «Cheguei a Setúbal com 18 anos e apenas uma mochila, para mim, era como viajar a Nova Iorque», referiu.

O antigo médio lembra ainda o encontro com o pai do Special One: «Lá, encontrei-me com o pai de Mourinho, que estava no Vitória e todos os dias me animava, dizia-me: ¿Segue assim, espanholito.¿ Tenho muito apreço por ele e é uma das pessoas que mais me marcaram na vida.»

Depois do Bonfim, Toñito rumou a Alvalade para juntar-se a uma equipa com Pedro Barbosa, João Pinto entre outros. «Naquela altura, o Cristiano só treinava connosco, mas já se percebia o que ia ser. Tinha uma mentalidade superior aos outros. Psicologicamente, é o jogador mais forte do mundo. É o Michael Jordan do futebol», considerou.

«A treinar, era um animal, anoitecia e tinha de esperar sempre para o levar a casa», concluiu Toñito.