É um sentimento especial aquele que Toñito nutre pelo Sporting. Daquelas coisas difíceis de explicar sem recorrer às emoções. Mas a ironia tantas vezes presente no futebol levou-o a ter de defrontar, pela primeira vez, o clube onde garante ter passado os momentos mais felizes da sua carreira. Mais: coube-lhe marcar o golo do empate leiriense, num lance em tanto ele como o guardião Rui Patrício ficaram a pedir perdão aos adeptos leoninos. Por motivos diferentes, entenda-se.
«Marcar à equipa pela qual conquistei os meus principais títulos, onde cresci e fui sempre acarinhado, é triste por um lado, mas, por outro, é bom porque consegui ajudar o meu clube. Por isso, não festejei e apenas pedi desculpa aos adeptos, em sinal de respeito por eles e pelos cinco anos fantásticos que passei em Alvalade. Qualquer jogador na minha situação teria feito o mesmo», revela o médio espanhol, sem perder de vista o seu profissionalismo e o dever de dar o máximo pela sua actual entidade patronal
A estima que tem pelo Sporting é tão grande que ultrapassa até aquilo que sente pelo Tenerife, o emblema da sua terra e onde foi formado. «Nunca tive de o defrontar, mas se isso acontecesse e fizesse algum golo, julgo que festejaria. Não há comparação entre aquilo que um e outro significam para mim», garante o jogador leiriense, esperançado num pontapé na crise em definitivo: «Este empate não valeu apenas um ponto. Em termos psicológicos, pode ser um tónico decisivo para sairmos da posição em que estamos.»
O apreço de Toñito pelos leões parece ser recíproco. «Receberam-me de forma maravilhosa. Desde os directores, passando pelos meus ex-colegas. Fui cumprimentado por toda a gente. Tenho muito amigos no Sporting e fiquei emocionado ao ver que ainda me têm tanta amizade», desvenda. Mesmo depois de ter consumado aquela pequena «traição», o pequeno médio acredita que os adeptos verde e brancos não lhe ficaram a querer mal e até o terão perdoado: «No final da partida, senti que uma parte das bancadas estava a aplaudir-me. É muito gratificante sentir que não esqueceram os anos que passei no clube.»
A pergunta final era inevitável: Toñito sente-se sportinguista? «Hombre [homem], agora estou no Leiria, sinto a camisola que visto, e dou tudo por ela. Mas o Sporting terá sempre um lugar no meu coração!»