Um copo muito cheio. Não há outra forma de olhar para a exibição do Sporting nesta quinta-feira diante do Vorskla Poltava, no adeus à fase de grupos da Liga Europa.

A equipa de Marcel Keizer manteve a veia goleadora, não sofreu golos pela primeira vez desde a chegada do holandês e conseguiu tudo isso num jogo com oito novidades comparativamente com a última partida.

Mesmo órfão de alguns dos intérpretes mais importantes e só com um resistente do meio-campo para a frente, o leão teve períodos arrasadores diante de um conjunto ucraniano demasiado débil e que até poderia ter saído de Alvalade vergado a uma derrota por números mais expressivos.

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Na aplicação prática da ideia de Keizer cabe a equipa como um todo. O meio-campo é o núcleo da equipa, local onde é concebida a estrutura que serve de suporte para tudo o resto. E é aqui que reside a diferença mais substancial entre o passado e um presente radicalmente diferente. Para melhor, sem sombra de dúvidas.

As ausências de Nani, Wendel, Diaby ou Bas Dost não mexeram com os princípios da nova era, respeitados com extrema competência pelos substitutos Miguel Luís, Carlos Mané, Jovane e Montero. Convém dizê-lo que, para todos eles, torna-se tudo mais fácil com Bruno Fernandes, o maior dos intérpretes (permita-nos a ousadia), ao lado.

O criativo do Sporting esteve nos três golos da equipa de Alvalade, todos apontados nos primeiros 45 minutos e teve períodos de superlativa genialidade. Do túnel de calcanhar a um adversário no lance do primeiro golo do Sporting, à roleta à Zidane por volta do minuto 70, passando pelas assistências magistrais.

Bruno (Fernandes, claro está) é, simultaneamente, mordomo e patrão neste Sporting. É impositivo e atruísta. É tudo aquilo que o leitor, aí desse lado, já sabe.

Aos 15 minutos, quando Fredy Montero inaugurou o marcador com uma cabeçada instintiva no regresso à competição após mais de um mês parado, já o criativo da equipa da casa se destacava à distância. Por essa altura, o Sporting sufocava um pobre conjunto ucraniano, que só depois do 1-0 conseguiu uma ou outra incursão, num período no qual os leões tiraram ritmo ao jogo.

Na mesma medida em que o perigo chegou a rondar a baliza de Salin, não deixava de ser óbvio que se a equipa de Keizer quisesse voltaria a vergar o adversário. Fê-lo aos 35 minutos, num dos melhores desenhos ofensivos de todo o jogo que terminou com Miguel Luís a estrear-se a marcar pela equipa principal do Sporting.

O Sporting era rei perante uma presa assustada e ainda fez mais um antes do descanso.

Bruno Fernandes (lá está ele) cruzou para Montero. Desesperado, Dallku tentou evitar que o colombiano marcasse e acabou por ser ele a introduzir a bola na própria baliza.

Na segunda parte não houve golos. O leão estava saciado, mas não lhe faltaram oportunidades para novas caçadas: Mané, Jovane, Petrovic e até o estreante Pedro Marques podiam ter dado outra robustez ao triunfo da equipa portuguesa.

Nesta quinta-feira foi quase tudo perfeito: pelos elementos enumerados no arranque da crónica e porque também houve espaço para estreantes. A lesão de Fredy Montero terá sido o único amargo de boca de um leão que transborda confiança.