Quem acha que este Panamá-Tunísia não interessava para nada, não pode gostar de futebol. É um jogo do Mundial, lembra-se? Na véspera do primeiro dia sem futebol dos últimos 15 dias. Como assim, não interessa?

Além disso, tinha tudo para ser um jogo histórico. Podíamos assistir à conquista do primeiro ponto de sempre do Panamá num Mundial. E caso isso não acontecesse, significava que a Tunísia voltava a ganhar um jogo numa fase final de um Mundial, 40 anos depois.

E já referimos que se tratava de um jogo do Mundial?

Começamos desde já por avisar que quem não viu esta partida perdeu apenas e só o golo 2.500 da história dos mundiais. Assim já se torna importante?

Antes disso, porém, houve mais história a ser escrita no exato momento em que José Luis Rodríguez marcou o golo 2.498 da história dos mundiais. É que apesar de ser menos redondo na contabilidade da principal competição de futebol do mundo, significou a primeira vantagem de sempre do Panamá num Mundial.

Dá para imaginar a festa que isso representou no pequeno país da América Central? O mesmo que chorou de alegria quando Baloy fez o golo solitário da derrota por 6-1 frente à Inglaterra, apenas porque se tratava do primeiro golo de sempre num Mundial. Aliás, retire o «apenas» à frase. Porque se tratava do primeiro golo de sempre num Mundial. Isso vale muito.

Esse primeiro golo desta partida – que até surgiu segundos depois do primeiro remate do Panamá num jogo em que a Tunísia tinha mais posse de bola mas as mesmas zero ideias ofensivas – deve ter feito eclodir uma festa enorme. Tão grande que nem o facto de a FIFA ter atribuído o golo a Meriah, defesa tunisino em quem a bola desviou, deve ter travado a euforia.

A esperança na vitória travou uma história maior

A vencer ao intervalo, e como a vantagem era tão preciosa para o Panamá, por todo o significado que poderia ter, o selecionador panamiano quis guardá-la da forma mais primária que existe no futebol. Tirou o avançado para colocar um central, passando a jogar com uma defesa de cinco elementos.

Só que rapidamente se percebeu que a ideia não lá foi muito boa. Aos seis minutos da segunda parte, surgiu o tal golo 2.500 – Januzaj ficou com o 2499 no outro jogo do grupo G - e foi para a Tunísia, marcado por Ben Youssef na melhor jogada do encontro.

No banco do Panamá, "Bolillo" Gómez ainda voltou à fórmula inicial em 4-1-4-1, mas a Tunísia também queria levar um capítulo histórico desta competição. E para isso, precisava de mais um golo. E ele chegou.

Numa subida do defesa esquerdo Haddad à área contrária, o cruzamento encontrou Khazri – o melhor em campo -  solto ao segundo poste para fazer um golo que deu a vitória no jogo. A vitória que fugia aos tunisinos em fases finais de mundiais, há 40 anos.

E se no fim de tudo isto ainda acha que este jogo não interessava para nada, veja as imagens do final do jogo. Essas não as conseguimos traduzir. Mas provam que este jogo era importante. Muito importante.

Porque já alguém dizia: «o futebol é a coisa mais importante de entre as coisas menos importantes.»