Uma vitória alcançada com uma faca entre os dentes. Foi assim que o FC Porto teve de jogar para bater o Varzim e isolar-se na liderança do grupo C da Taça da Liga.

Esta competição é uma prova maldita para os portistas. É a única que lhes falta no museu e é conhecida a ambição de Conceição de afastar o fantasma que assombra o FC Porto. A vontade de vencer, no entanto, não impediu o técnico dos azuis e brancos de operar uma autêntica revolução na equipa-tipo, lançando onze jogadores diferentes em relação à partida anterior.

Filme e ficha de jogo

Pois bem, tamanha mudança fez o FC Porto sofrer. Retirou-lhe os níveis de agressividade e intensidade, roubou-lhe a voracidade e a capacidade para sufocar os rivais. Por isso, não foi de estranhar os vinte minutos de futebol cinzento que os campeões nacionais apresentaram. O Varzim teve mérito por saber contrariar as mais-valias do oponente, embora pouco tivesse feito para incomodar Vaná.

Quando o relógio passava das duas dezenas de minutos, surgiu a primeira oportunidade de golo. Hernâni surgiu frente a Emanuel Novo, mas a dupla-tentativa esbarrou no guarda-redes dos poveiros. Depois cumpriu-se a velha máxima: quem não marca, sofre. Jogada de insistência de Estrela na direita que meteu o pé de forma firme, ganhando o ressalto a Sérgio Oliveira e cruzando para a área. A bola chegou aos pés do talentoso Toro que atirou ao ângulo (30’).

O resultado penalizava a exibição cinzenta do FC Porto. No entanto, é preciso sublinhar que o Varzim pouco fez justificar a vantagem. Mas, o futebol não é um lugar no qual a justiça impere.

O golo sofrido fez bem ao FC Porto. O dragão sentiu-se ferido e ripostou. Bastaram nove minutos em desvantagem para André Pereira levar a bola ao ferro (39’). Três minutos, Bazoer estreou-se a marcar pelo FC Porto e deu cor a noite até então cinzenta.

Era necessário Conceição mudar (e muito) ao intervalo. Corona substituiu Jorge, recuando Hernâni para lateral esquerdo. O mexicano provou que, mais do que titulares e suplentes, a atitude e o ritmo competitivo fazem a diferença. Em dez minutos o FC Porto criou mais perigo junto da baliza de Emanuel Novo do que em toda a primeira parte, com «Tecatito» a ficar perto da reviravolta por duas vezes (54’ e 55’).

Acabou por ser outro suplente lançado por Conceição a fazer a diferença. Soares, que estava há oito minutos em campo, consumou a reviravolta na sequência de um excelente cruzamento de Sérgio Oliveira (73’). Curiosamente o internacional português teve um papel primordial no 2-1 e no 2-2, já que dois minutos depois, falhou um atraso para Vaná que permitiu a Haman empatar.

O empate parecia uma inevitabilidade a quinze minutos do final. Porém, os campeões nacionais tiveram o mérito de não desistir, tentaram retirar algo de bom de uma partida dura e embalar rumo à Final Four. Acabaram premiados através uma infelicidade de Payne que introduziu a bola na própria baliza (3-2).

O Varzim nunca mais se ergueu do rude golpe e acabou por sofrer novo golo da autoria de André Pereira (86’), coroando da segunda totalmente diferente da primeira, entenda-se, melhor.

Enfim, em noite de Halloween o Dragão provou ser avesso a travessuras e está decidido a afastar os fantasmas do passado.