Pensar no Club Atlético Peñarol é pensar na noite em que a cidade do Porto fechou os olhos mais tarde. 13 de dezembro de 1987, a noite em que os dragões foram campeões do mundo.

Em Tóquio os uruguaios caíam aos pés do oportunismo de Fernando Gomes, do génio de Rabah Madjer e da categoria de uma equipa condenada a entrar na história. No Porto, milhões deixavam a televisão ligada pela madrugada adentro. Inesquecível.

Mas o que será feito desse poderoso Peñarol? O que resta desse clube que dominava na década de 80 a América do Sul? No Uruguai, essa final perdida para o F.C. Porto é vista como uma espécie de maldição.

O Peñarol não voltou, depois de 1987, a conquistar nenhuma Taça dos Libertadores [equivalente sul-americana à Liga dos Campeões] e, por conseguinte, essa foi a derradeira presença dos uruguaios numa final da Intercontinental.

Até essa data, o Peñarol tinha cinco títulos continentais. 1960, 1961, 1966, 1982 e, claro, 1987. Daí até aos dias de hoje, nenhum. O ocaso dos carboneros só não é mais gravoso porque foram conquistando algumas ligas nacionais. Ainda assim, apenas oito em 25 possíveis.

Curiosamente, a 25 de julho de 2011, o Peñarol foi o convidado de honra na apresentação oficial do F.C. Porto. Perdeu por 3-0 e demonstrou uma debilidade que não era identificável no jogo de Tóquio e nessa equipa orientada pelo bem conhecido Óscar Tabarez.

Pode ler a crónica do Maisfutebol sobre esse reencontro aqui.

Tabarez é, de resto, o nome mais reconhecido desse elenco do Peñarol. Dos jogadores que utilizou contra o F.C. Porto, poucos alcançaram uma projeção digna de especial realce.

Vamos recordar esses nomes e perceber o que fizeram após a final perdida contra o F.C. Porto:

. Eduardo Pereira (GR): saiu para o Independiente e acabou no Liverpool (Uruguai);

. Alfonso Domínguez: fez dois anos no River Plate e voltou ao Uruguai;

. José Herrera: passou por Espanha (Figueres) e Itália (Cagliari e Atalanta);

. Marcelo Rotti: esteve no Estrela da Amadora (1991/92) sem nunca jogar;

. Eduardo Trasante: transferiu-se para o Grémio (Brasil) e aí deixou de jogar;

. Ricardo Viera: o autor do golo acabou a jogar no Olímpia (Paraguai);

. Eduardo da Silva: mudou-se para o Talleres (Argentina) e acabou no Basañez;

. Daniel Vidal: fez grande parte da carreira no Las Palmas (Espanha);

. José Perdomo: jogou no Bétis, no Génova e ainda voltou ao Peñarol;

. Jorge Cabrera: mudou-se para o México, jogando no Correcaminos e Madero

. Diego Aguirre: Fiorentina, Olympiacos e vários clubes do Brasil;

. Jorge Gonçalvez: continuou no Peñarol, acabou no Cruz Azul (México)

. Gustavo Matosas: Málaga, Valladolid e Lérida, passou por Brasil e China;

Treinos noturnos, manga curta e queimaduras

As memórias de Madjer e Gomes

Fotos: estádio da glória portista vai abaixo