João Vieira foi quinto classificado na prova de 50kms marcha, que se realizou ao final da noite em Sapporo, no Japão, ficando muito perto das medalhas, que lhe fugiram por apenas 30 segundos, mas conquistando mais um diploma olímpico para Portugal.

O atleta português de 45 anos, que se sagrou vice-campeão do mundo em 2019, manteve-se sempre no grupo da frente, integrando depois o dos perseguidores ao líder destacado, que foi encurtando até ficar com cinco atletas nos últimos cinco quilómetros.

A cerca de quatro quilómetros da meta, o alemão Hilbert e o espanhol Tur começaram a ganhar alguns metros a João Vieira, que ficou isolado no quarto lugar. O marchador português do Sporting lutou com todas as forças para ir atrás da medalha, mas acabou ultrapassado pelo canadiando Dunfee, que no sprint final foi ainda conquistar a medalha de bronze.

A prova foi liderada desde muito cedo pelo polaco Dawid Tomala, que foi ganhando minutos ao grupo perseguidor, sagrando-se campeão olímpico aos 31 anos, concluindo a prova em 3h50m08, com uma vantagem de 36 segundos para Hilbert, depois de ter chegado a ter mais de três minutos de vantagem.

«Fico muito contente com este resultado, um quinto lugar não é qualquer atleta que consegue e eu vim aqui lutar com todas as minhas forças. Consegui um lugar de finalista o que é muito bom para a minha carreira desportiva, que já vai longa, podem ser os meus últimos Jogos e assim cumpri o meu dever», afirmou o atleta do Sporting, de 45 anos.

João Vieira chegou a Tóquio2020 como vice-campeão do mundo da distância, tendo terminado a prova em 03:51.28 horas, o seu melhor registo da temporada, a 01.20 minutos do novo campeão olímpico, o polaco Dawid Tomala, que tomou a dianteira da corrida antes dos 30 quilómetros.

Tomala chegou a ter uma vantagem de quase três minutos sobre o primeiro grupo, que contou sempre com João Vieira até às últimas duas voltas, quando descolou do alemão Jonathan Hilbert e do canadiano Evan Dunfee, segundo e terceiro classificados, a 36 e 51 segundos do vencedor, respetivamente.

«Quando faltavam duas voltas, conversaram entre eles e decidiram atacar. Eu já não tive pernas, as minhas pulsações já estavam a disparar», admitiu o marchador de Rio Maior.

A quebra de João Vieira ainda permitiu que o espanhol Marc Tur alcançasse o quarto lugar, a um minuto de Tomala e com uma vantagem de 20 segundos sobre o português.

«Arrisquei e se calhar arrisquei demais, na parte final ia morrendo na praia. Sabemos que, aos 40 quilómetros, vamos encontrar o muro, mas senti-me bem, felizmente, eu só o encontrei a duas voltas do final e só tenho de ficar satisfeito pelo desempenho que tive hoje», explicou.

João Vieira conseguiu a sua melhor classificação em seis presenças em Jogos Olímpicos, melhorando o 10.º lugar nos 20 quilómetros marcha de Atenas2004, tendo também concluído pela primeira vez a mais longa distância percorrida em provas olímpicas, à terceira tentativa.

«Foi bom, arrisquei e saiu o quinto lugar, estou contente. É o topo da carreira. Apesar de não ter sido uma medalha, um quinto lugar é muito bom, depois da medalha de vice-campeão, só tenho de estar satisfeito», assumiu o marchador do Sporting, que soma 59 títulos nacionais absolutos na especialidade.

João Vieira, que se isolou no segundo lugar de portugueses com mais presenças olímpicas (seis), só atrás do antigo velejador João Rodrigues, até teve uma estreia negativa em Jogos, ao não poder alinhar em Sydney2000 devido a uma doença.

Seguiu-se Atenas2004 e o seu melhor resultado até hoje, o 10.º nos 20 km, distância em que foi 35.º em Pequim2008, 11.º em Londres2012 e 31.º no Rio2016. Nas últimas duas edições tentou os 50 km mas não terminou nenhuma das corridas.