O Belenenses sempre teve um lugar especial na história do Real Madrid. Na noite em que os dois clubes se defrontam no Torneio Teresa Herrera, o Maisfutebol recorda o dia em que os azuis do Restelo foram os convidados de gala na inauguração do mítico Estádio Santiago Bernabeu (conhecido inicialmente por Estádio de Chamartin).
A 14 de Dezembro de 1947, Madrid parou para assistir a um dos mais importantes dias na história do seu Real. O Belenenses chega condenado a um papel secundário, mas a actuação dos homens da Cruz de Cristo só surpreende os mais distraídos. Dois anos antes, a formação lisboeta já impusera um empate a duas bolas ao «gigante» espanhol, conquistando o respeito das gentes da capital espanhola.
Mas agora era diferente. Só se admitia um triunfo do Real em dia de carga emocional tão sublinhada. Santiago Barinaga encarregou-se de cumprir os desígnios das muitas dezenas de milhar que encheram o novel recinto, mas o Belenenses estava bem vivo. Ainda antes do intervalo, o exemplar Artur Quaresma restabeleceu a igualdade, mostrando todo o valor de uma equipa da qual faziam parte homens como Capela, Amaro e Feliciano, entre outras grandes figuras dos homens do Restelo.
Onze nomes para a história
Mas o ambiente de euforia alastrou-se ao relvado e no segundo tempo o Belém foi-se abaixo. Jesus Alonso fez dois golos e cumpriu-se o inabalável desejo dos muitos que viram a partida ao vivo. O Real Madrid venceu por 3-1 na inauguração do Santiago Bernabeu, mas a coragem do Belenenses ficou bem marcada nas crónicas jornalísticas do encontro.
Vejamos, por exemplo, um extracto do que escreveu na altura o diário Marca, um dos mais reconhecidos dos periódicos espanhóis. Uma pequena pérola.
«(¿) Para nós foi uma novidade a evolução técnica do futebol português. Neste domingo, na inauguração do Chamartin, o Belenenses fez questão de nunca chutar a bola à sorte para a frente. Tentou sempre jogar bom futebol, em passes curtos ou longos, buscando constantemente as desmarcações. Jogou com três homens atrás e estes jamais se adiantaram. Muito boa técnica a do conjunto orientado pelo argentino Scopelli, onde se destacaram o defesa Feliciano e o interior direito Quaresma. Apenas apontámos dois defeitos ao seu jogo. Falta de agressividade e de capacidade de remate. Os avançados movimentaram-se muito bem e combinavam excelentemente, mas não remataram. Por isso, o Madrid pôde vencer. (¿)».
Para finalizar, o Maisfutebol deixa-lhe o nome dos 11 heróis que quase silenciaram o certame de festa do Real Madrid. Uma equipa que fica para a história.
Sério, Vasco, Feliciano, Serafim, Figueiredo, Amaro, M. Rocha, Quaresma, T. Silva, Pereira Duarte e Narciso.