O Sp. Braga disse esta noite adeus à Taça UEFA, ao não conseguir melhor do que uma derrota por 3-2 em Londres, diante do Tottenham. Complexos e inibições incompreensíveis tolheram a formação minhota ao longo dos primeiros 45 minutos, período em que o Tottenham poderia ter construído um triunfo robusto. Honra seja feita, no entanto, à postura adoptada na segunda parte pela equipa de Jorge Costa.
Aí sim, ficou provado, sem margens para quaisquer dúvidas, que os feitos importantes não são alcançados através de uma atitude temerosa e submissa. Compreendem-se as diferenças de ritmo, aceita-se a melhor qualidade individual de alguns jogadores do adversário (como Berbatov), mas não se entende a postura inssossa e desconcentrada dos arsenalistas no primeiro tempo. Acreditemos que a última imagem é aquela que fica. Se for mesmo assim, os mais de 30 mil ingleses que assistiram ao jogo em White Hart Lane terão ficado impressionados com o desempenho do desconhecido Sp. Braga.
Berbatov anti-injustiças
Uma forte pressão do Tottenham nos 20 minutos iniciais, fez temer o pior. Apesar de ter reforçado o meio-campo com três homens de combate (Madrid, Frechaut e Andrade) nas costas de João Pinto, Jorge Costa viu a sua equipa ser verdadeiramente sufocada por uma equipa de ritmos e mecanismos de qualidade superior. Berbatov, por duas vezes, Robbie Keane e Lee fizeram ameaças sérias, mas contra todas as previsões seria o Sp. Braga a marcar.
Na primeira vez que a bola se acercou da baliza à guarda de Cerny, após um livre de Andrade, Huddlestone tocou ao de leve no esférico e este entrou ao ângulo superior esquerdo. Sem nada ter feito para isso, o Sp. Braga via-se a ganhar, mas a injustiça duraria pouco tempo. Dimitar Berbatov voltou a mostrar toda a sua valia e até ao intervalo fez dois golos. O segundo, depois de uma inacreditável desatenção de Nem, que substituíra o lesionado Rodríguez. Terminava o primeiro tempo, com o Sp. Braga a deixar uma imagem de confrangedora debilidade no relvado de White Hart Lane.
Andrade faz sonhar, antes de Berbatov se tornar um pesadelo
A etapa complementar trouxe boas sensações à equipa portuguesa. Audaciosa, mais confiante, capaz de fazer circulação de bola, ganhou de imediato quatro cantos e colocou os ingleses em sentido. Era a altura de aparecer Andrade na marcação de alguns lances de bola parada. Num deles, aos 60 minutos, empatou a partida. Uma «bomba» que estilhaçou na cara de Radek Cerny. Faltava um golo para o Sp. Braga garantir o direito de ir ao prolongamento.
Mas já não houve forças para tal. Jorge Costa apostou na velocidade de Maciel e Césinha - nos lugares dos desinspirados Zé Carlos e João Pinto -, mas seria novamente Berbatov o protagonista. Sem pedir licença a ninguém, o búlgaro encontrou espaços onde eles não existiam e deixou Malbranque isolado perante Paulo Santos. 3-2 e a confirmação do adeus bracarense à Europa do futebol. Com muito aprendido e ainda muito por aprender.
A arbitragem do senhor Duhamel foi globalmente correcta, mas deixou passar em claro uma agressão de Chimbonda a Luís Filipe. No entanto, nessa altura, a eliminatória já estava resolvida.