Os animais esperam por Tozé. O presente é o F.C. Porto. Lançado por Vítor Pereira na receção ao Olhanense, cumpriu um sonho em trinta minutos. Aos 20 anos, o jovem médio ofensivo sentiu que o esforço compensou.

Iniciou-se no Forjães Sport Clube, chegou ao Dragão com 13 e passou a ser um cliente regular da A28, a estrada que liga o Porto a Esposende. O futuro veterinário conseguiu, após sete anos de crescimento no clube, vestir a camisola azul e branca na Liga portuguesa.

Na ressaca daquele momento, Tozé recordou o avô Amândio, a sua estrela no céu. «Ontem concretizei o teu sonho e o que mais gostarias de ter visto antes de partires! Sei que estás no céu com um sorriso na cara hoje! Simplesmente brilha aí, que eu brilharei por ti na Terra!»

A dedicatória não surpreende o pai do jogador. «O avô dele, meu pai, era um grande portista. Faleceu no ano passado. É a ele que o Tozé dedica os golos quando levanta as mãos para céu», reconhece José Armando Carvalho, emocionado.

«Baixo? Isto não é um concurso de misses»

Voltando a Tozé. Quem viu pela primeira vez, ficou com duas ideias na retina: remata muito (naquela noite, mal) e tem um porte físico curioso, baixa estatura e largura de ombros. É o código genético.

«Eu também joguei futebol e sou assim. É de família. Costumo dizer que isto não é um concurso de misses. Aí é que precisam de ter as medidas certas. O Tozé é baixo mas largo e não deixa por isso de ter o remate forte que tem», frisa o pai.

O jovem tem os mesmos 170 centímetros que João Moutinho. Até por isso, a estreia foi especial. «Percebi que ele tinha medo de perder a bola e permitir um contra-ataque, porque ficou a jogar sozinho no meio-campo com o Moutinho. De resto, demonstrou a coragem de sempre.»

«Se entrares, tenta ficar na história»

O pai incentivou o risco. Vítor Pereira terá feito o mesmo. Depois de um período de adaptação à realidade, com presenças consecutivas no banco de suplentes, Tozé foi a jogo. E apostou forte.

«Já lhe tinha dito: se entrares, tenta ficar na história. Faz o que sabes, arrisca. És novo, as pessoas vão perceber se falhares. O treinador deve ter dito o mesmo. Claro que agora lemos as críticas, que podia ter rematado menos, etc. Mas ele é assim.»

Kiki Afonso, atual jogador do Rio Ave e velho amigo de Tozé, reforça a ideia. «Ele não vai ficar abalado. Penso que foi por ter sido a estreia, sentiu que era uma oportunidade única, mas quem o conhece sabe que tem muita mais qualidade do que aquela que demonstrou.»

«É ele que tem segurado a equipa B. Já é assim desde as camadas jovens. Quando outros se encolhiam, ele queria sempre a bola, nunca teve medo de arriscar. Se fosse amanhã, faria parecido. Talvez não rematasse tanto, mas tentava novamente», acrescenta Kiki, em conversa com o Maisfutebol.

«Dois passes maravilhosos» à chegada

Tozé está no F.C. Porto desde 2006. Pouco mudou ao longo dos anos. Baixa estatura, capacidade física, rapidez de execução. Remate fácil, passe a condizer.

Jucie Lupeta recorda o início da aventura. «Eu tornei-me jogador do F.C. Porto por culpa do Tozé. Fomos treinar à Constituição, em testes, precisamente no mesmo dia. Eu treinei a extremo e ele era o médio ofensivo. Fez dois passes maravilhosos para golo e fez-me brilhar.»

O avançado saiu do clube em 2012(esteve perto do Bury mas não ficou devido a operação ao menisco) sem esquecer o médio. Craque nos relvados, craque na escola, mas sempre com tempo para uma brincadeira. «É um rapaz muito sereno, mas adora brincar nas alturas certas.



«Numa viagem de avião, à vinda de um torneio, encheu-me o cabelo de papéis, borrachas e outras coisas. Eu ia no banco da frente e ele atrás, ao lado do Pedro Emanuel. Adormeci e quando acordei estava toda a gente a rir-se de mim. Vi logo que tinha sido o Tozé», recorda Lupeta, ao Maisfutebol .