Por muita história ou filosofia que tenha estado envolvida neste jogo, foi na matemática que tudo decidiu.

As regras da multiplicação dizem que qualquer coisa vezes nada é nada. Quando não há nada para multiplicar, então é nada mesmo. E foi assim durante muito tempo. Foi preciso usar a subtração, no caso de um jogador do Estoril, para o marcador mexer e a equipa da Linha confirmar o passaporte para a próxima eliminatória da Taça.

Certamente que Marco Silva já previa uma dura batalha em Moreira de Cónegos, onde mora uma equipa de qualidade, das melhores da II Liga, sem dúvida. Mas também é provável que, não só o técnico do Estoril, como Vítor Oliveira, estivessem à espera de mais futebol.

Quem foi ao Comendador Joaquim Almeida de Freitas, pelo menos, assim o desejava.

As contas são fáceis de fazer: zero mais zero mais zero mais zero. A primeira parte foi isto: muita luta e um enorme nada. Nem um único remate.

É verdade que, por duas vezes, o Moreirense assustou. Primeiro após um calcanhar de Diogo Cunha que Rui Miguel não desviou, depois num livre de Márcio Madeira que, como também não sofreu desvios, acabou por passar perto da baliza. Mas, lá está, foram dois lances em que não houve o remate. Foi como assustar com a sombra.

Ainda assim, ao intervalo, só Vítor Oliveira quis mexer. Tirou Márcio Madeira, puxou Rui Miguel para a esquerda e lançou o gigante Mendy para prender os centrais do Estoril. Foi dele o primeiro remate do jogo, ao minuto 48. Fraquinho, de cabeça e ao lado. Imagem fiel do que era aquela pintura.

Quando já pairava o espectro de mais 30 minutos de aula de apoio para resolver o problema bicudo, chegou a solução: deixar as multiplições e as somas e ser obrigado a outro caminho. Subtrair, por incrível que pareça, foi a fórmula encontrada pelo Estoril para chegar à vitória. Involuntária e, certamente indesejada, claro está.

Tiago Gomes derrubou Tiago Borges quando este fugia para a área. Cosme Machado entendeu que se ia isolar e expulsou o lateral.

Marco Silva viu-se obrigado a improvisar, tirou João Pedro Galvão e lançou Babanco para fechar à esquerda.

O lateral caboverdiano, pouco depois de Balboa desperdiçar na cara de Carlos, encontrou espaço no seu flanco e cruzou com precisão para um golo simples de Sebá, completamente esquecido no segundo poste.

Com mais um, o Moreirense parecia mais preso e o Estoril mais solidário e aguerrido. Luís Leal desperdiçou, após soberba abertura de Sebá, o golo da tranquilidade, disparando por cima, mas, na segunda oportunidade que dispôs não cometeu o mesmo erro: livre de Evandro e cabeceamento certeiro.

Estava tirada a prova dos nove. Pelo nove. Ponto final numa conta que, no final, acabou por ser simples.