O Vilaverdense não morreu da doença, mas da cura. Jogar de igual para igual com uma equipa com a experiência do V. Guimarães era uma epopeia ousada demais e 25 minutos foram suficientes para o perceber. Ao querer anular apressadamente o golo sofrido logo aos dois minutos, a equipa de Vila Verde transformou o derby do Minho numa via de sentido único para o Vitória, que foi colecionando golos com uma simplicidade embaraçosa, mesmo tendo em conta a diferença das equipas.
É verdade que o futebol positivo da equipa da II Divisão, zona Norte, é de registar. Mesmo que tenha ficado pela tentativa e mesmo que tenha sido essa a justificação maior para a goleada que animou o D. Afonso Henriques. Afinal, jogar com a linha da defesa quase no meio campo tem custos contra equipas como o Vitória.
Rui Vitória: «Seis golos são seis golos...»
Mas o dia foi para a festa. E houve festa mesmo sem tomba-gigantes, sem surpresas. Ganhou o maior, o melhor, o mais previsível. Por isso, a festa foi local. Para os vimaranenses, o resultado gordo é um prémio e um tónico importante numa temporada que se adivinha complicada. A Taça pode ser um bom caminho e Rui Vitória conseguiu fazer passar a mensagem certa.
O golo de Toscano, como se disse, foi apenas o primeiro capítulo. É verdade que tornou tudo mais simples para o Vitória, mas também é certo que o Vilaverdense, num remate ao poste de Beré, esteve a centímetros de empatar. O lance galvanizou os homens de Rogério Amorim. Em demasia, não demoraria a perceber-se.
O futebol positivo passou a suicida em poucos minutos. O Vitória aproveitava a passividade lá atrás e aumentava, por Toscano, outra vez. O relógio marcava os 20 minutos. Estava na hora do verdadeiro carrossel. Uma via sem limite de velocidade até à baliza de Diego.
Vilaverdense lamenta goleada: «Fomos atrevidos de mais»
Em três minutos, três golos. Ricardo, isolado, e, depois, solto no coração da área, bisou. Soudani, de novo com a defesa visitante a ver jogar, também festejou. Era o descalabro e não se via o fim. El Adoua e Leonel Olímpio podiam ter marcado em dois ou três lances ainda antes do intervalo. Era a cura, a vontade louca de marcar que estava a cegar o Vilaverdense. O final era cada vez mais previsível.
E o descalabro só não foi maior porque Rogério Amorim corrigiu o posicionamento da equipa no intervalo. Mesmo que Soudani tenha feito o sexto pouco depois do reatamento, após canto, a equipa de Vila Verde, mais recuada e compacta, foi mais eficaz a anular um Vitória que, é certo, também jogou num ritmo mais lento. E ainda conseguiu o golo de honra, numa boa iniciativa de Ribeirinho finalizada por Beré.
O 6-1 final não merece, obviamente, qualquer contestação. Para o Vitória serve de embalo para o resto da época. Para o Vilaverdense, que ainda há dois anos andava nos Distritais de Braga, fica a lição: jogar de igual para igual é bonito e o povo gosta. Mas não é para todos. Muitas vezes dá nisto.
Diego: depois de Wembley e da Champions, o Vilaverdense
Ficha do jogo:
Estádio D. Afonso Henriques
V.Guimarães: Matej Delac, Alex, Ndiaye (Marco Matias, 46), Defendi e David Addy; El Adoua, Leonel Olímpio e Marcelo Toscano (Amido Balde, 67); Ricardo (Barrientos, 46), Soudani e João Ribeiro.
Não utilizados: Douglas, André, Siaka Bamba e João Gonçalves.
Treinador: Rui Vitória
Vilaverdense: Diego, Dino, Carlos Lomba, Paulo Ricardo e Sérgio; Madior, Emerson, Johnny (João Oliveira, 81) e Ribeirinho (David, 89); Bruno Filipe (João Ribeiro, 60) e Beré.
Não utilizados: Miguel, Maia, David, Luisinho, Kazeem.
Treinador: Rogério Amorim
Disciplina: amarelo para Carlos Lomba (20), Madior (26), Dino (36), Johnny (46) e Sérgio (68)
Golos: Toscano (3 e 19), Ricardo (23 e 24), Soudani (25 e 49), Beré (55)