A substituição de treinador no Beira Mar, com Costinha a assumir o lugar ocupado por Ulisses Morais até este fim de semana, é a sétima mudança na Liga portuguesa. Um total que tem forte contributo do Sporting, que só à sua conta já teve quatro treinadores no banco durante a época em curso. Moreirense, Nacional e Olhanense são os outros clubes que já mudaram de rumo a meio do percurso. Mas o cenário em Portugal já foi mais favorável aos golpes de humor dos dirigentes: em comparação com as suas congéneres europeias, a Liga nacional já não faz parte das que usam o chicote com mais frequência

O total de sete trocas, num universo de 16 equipas, está em linha com a tendência dos últimos anos e deixa Portugal numa espécie de pelotão intermédio nos campeonatos europeus: sexto lugar entre os 12 primeiros do ranking. Por esses campeonatos fora, há quem ponha o dedo no gatilho com enorme facilidade, e há quem veja a mudança de treinador como uma decisão a todos os títulos excecional.

Os clubes portugueses ficam a meio caminho, prosseguindo uma gestão que as limitações orçamentais dos últimos anos tornaram mais conservadora. Um sintoma paralelo dessa contenção é a aposta quase absoluta em técnicos portugueses, com o belga Frank Vercauteren a constituir solitária (e infeliz) exceção nos últimos tempos.

E na Europa, como é?

Se lhe dissermos que a Eredivisie, na Holanda, é o campeonato europeu onde a demissão de um treinador é mais invulgar ficaria surpreendido? Provavelmente. Mas estes números não têm paralelo: apenas um clube em 18, o NAC Breda, mudou de treinador na época em curso, fazendo-o por duas vezes.

Menos surpreendente o desempenho dos clubes ingleses, com três mudanças de comando técnico entre agosto e fevereiro. A polémica troca de Di Matteo por Benítez, no campeão europeu Chelsea, funciona como cabeça de cartaz, à frente do Southampton e do QPR. A parcimónia britânica, com três demissões em 20 equipas, só tem paralelo com o que acontece na Liga francesa, onde Evian, Ajaccio e Nancy foram até agora os únicos a culpar treinadores pelos maus desempenhos.

Com valores próximos, a Bundesliga tem quatro mudanças de treinador em 18 equipas, uma delas a envolver uma equipa de primeira linha, o Schalke 04. A seguir vem a Liga espanhola, que nesta segunda-feira consumou a oitava mudança de treinador na época em curso, com o Celta de Vigo a trocar Paco Herrera por Abel Resino.

No pólo oposto, a Grécia é o campeonato onde os treinadores mais facilmente perdem o posto, havendo nesta altura 17 chicotadas em 16 equipas. E não serão os portugueses Jesualdo Ferreira (Panathinaikos) ou Leonardo Jardim (que deixou o Olympiakos como líder isolado e invicto) a desmentir esta evidência, também extensiva a países como a Bélgica e a Ucrânia (10 mudanças até à data em campeonatos com 16 equipas).

Mudanças de treinador em 2012/13 nos campeonatos europeus

Holanda: 2 em 18 equipas

Inglaterra: 3/20

França: 3/20

Alemanha: 4/18

Espanha: 8/20

Portugal: 7/16

Itália: 10/20

Rússia: 9/18

Turquia: 8/16

Bélgica: 10/16

Ucrânia: 10/16

Grécia: 17/16

Mudanças de treinador em Portugal nas últimas épocas

2012/13: 7*

2011/12: 10

2010/11: 10

2009/10: 16

2008/09: 8

2007/08: 9

2006/07: 14

2005/06: 14

2004/05: 14

*Época em curso.